terça-feira, 10 de julho de 2012

Esse blog acabou...

Queridos,

Percebi que, agora, esse blog não me tem trazido mais alegria. Mas sei que ele tem uma função social interessante - eu vejo as pesquisas que trazem visitantes ao blog e sinto que quem faz essas buscas encontra algum tipo de conforto aqui - e, por isso, não o extinguirei completamente.

Foi ótimo o apoio de vocês mas não penso em continuar. As amizades feitas obviamente permanecem.

Um grande beijo no coração de cada leitor.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Que essa euforia não tenha fim enquanto dure

Eu oscilo de humor como quem bebe água. Sei lá o que essa frase quer dizer mais achei uma frase digna. Deve ser porque eu bebo 3 litros de água por dia então viro o copo várias vezes... Cada gole é um novo humor, cada dia é diferente do outro. E, por isso, eu me sinto a pessoa mais volúvel do mundo.

Há um mês eu estava triste e sentindo só as limitações, só os problemas. Hoje eu tenho a sensação que consigo contorná-los bem, muito embora eles não tenham se resolvido todos.

Há uma semana eu estava achando que eu estivesse com reumatismo. Agora, decidi que tenho que correr mesmo e ff@#$#%-se a dor das articulações porque, talvez, seja apenas o frio... Sabe, eu estou cansada de todo mundo sempre saber o que é o certo para mim enquanto eu deixo de lado as minhas próprias impressões a respeito.


Parece que estou querendo viver até a última gota apesar das limitações e dos pedaços e direitos retirados de mim. Resolvi pensar (de novo) que estou viva, sentir-me mais feliz por estar quase 10kg mais magra (ou menos gorda), feliz por estar correndo e recebendo elogios pela linda passada que tenho ao correr - Quem não gosta de ouvir elogios, hein?

Hoje, eu estou bem mais otimista que no último mês. Será que sou bipolar também, hein Marina? Que seja. Então eu quero que essa euforia não tenha fim enquanto dure.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

E as novidades?

Eu sei que eu sou uma péssima blogueira. Porque não tem coisa pior para "afundar um blog" que ficar sem escrever por semanas, sem dar notícias, né? Eu assumo minha culpa e peço desculpas. Eu me arrisco, até mesmo, a prometer escrever pelo menos uma vez por semana por aqui. E, agora, vou tentar explicar o que está acontecendo.

Eu entrei aqui várias vezes nesses últimos 15 dias, começava a escrever e depois de certo tempo sem conseguir produzir nada decente, deletava o post. O que acontece é que eu continuo confusa com relação aos meus sentimentos sobre o (fim do) meu câncer, o tratamento e as sequelas. Mesmo depois do fim do tratamento, a montanha-russa de emoções é a mesma. É engraçado que eu não duvido nem por um minuto da minha cura do câncer então não é esse fantasma que me apavora: são as sequelas que me deixam mais estranha.

Bom, mas as notícias que tenho são:

1 - ontem fiz o segundo pet-scan. O primeiro foi antes de iniciar o tratamento e este é só para confirmar que eu estou livre de câncer. Apesar de não ter o resultado oficial, aparentemente tudo desapareceu. Ótimo mas só irei comemorar mesmo depois de pegar o resultado. :o)

2 - voltei no radioterapeuta que me disse, como sempre, que eu estou ótima e coisa e tal. Mas ele disse que esperava as manchas da pelve mais claras. Ele acabou recomendando que eu procurasse um dermatologista para ver a minha pele. Ainda não resolvi isso.

3 - ele também me recomendou uma ginecologista oncológica para me avaliar. CALMA, não tenho um novo câncer. O motivo é que sendo essa a sua especialidade, ela vê sequelas de RT e QT todos os dias e, em tese, estará mais acostumada com sequelas na vagina e colo do útero. Já fui a ela mas o assunto da consulta dá um outro post, aguardem, hehehe.

Bom, é isso. Vou tentar me organizar melhor para não abandonar este instrumento que foi tão importante para mim no momento em que eu mais precisei dele...

Beijocas!

domingo, 13 de maio de 2012

Volta ao trabalho - como foi?

Dia 30 de abril minha licença acabou. Devido ao feriado, retornei ao trabalho no dia seguinte, 02 de maio. Foi bom e estranho ao mesmo tempo.

Foi bom porque depois de passar a manhã inteira na "burocracia" do retorno de um empregado eu fui recepcionada pelos colegas de maneira muito gostosa: teve festinha com "bolo e guaraná", um buquê de rosas, duas orquídeas e dois cartões deliciosos - daqueles para guardar por toda a vida! Foram muitos abraços apertados e algumas lágrimas. São mais e mais motivos para agradecer.

Também foi estranho porque nesses 4 meses eu não estive de férias no Caribe, muito pelo contrário. Mas eu fiquei desacostumada ao ritmo de quem trabalha, estuda e faz atividade físicas: trabalhar, estudar e malhar cansa! Cansa tanto que nesta semana e meia eu peguei um resfriado ou uma gripe ou uma sinusite ou o que for. :o(

Independente disso tudo, o fato é que a vida vai passando e a tendência é que tudo volte ao normal, não é mesmo? Deve haver um nome bonito para isso, uma teoria contemporânea oposta a teoria do caos. Mas as marcas que o câncer deixa são, de certo modo, inesquecíveis. Como se esquecer dele se quando você se olha no espelho você se vê manchada? Ou quando tenta fazer as posturas de yoga (que sempre fez e são bastante simples!) e que agora se tornaram extremamente desafiadoras? Ou, ainda, quando você se sente curada mas mutilada, tolhida e reduzida em sua feminilidade?

Muitos me dizem que tem muito pouco tempo que o tratamento acabou que estou cobrando muito de mim. Não descarto esta hipótese. Para mim, tudo demora a se resolver, são muitas indefinições. Mas a vida segue.

Beijocas.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

PândegaPanda está melhor.

Gente querida:

Mais uma vez obrigada. O apoio e as manifestações ajudam muito. Por mais altruísta que se seja, tem momentos que a gente precisa olhar para si e pedir ajuda. Acho que na sexta-feira foi o que me aconteceu - não que eu seja "a" altruísta mas que na sexta eu estivesse mais em condições de receber do que de dar, entendem? Eu precisava de ajuda, de suporte, de forças que sozinha não conseguia encontrar. E vocês, amigos de longe, de perto, conhecidos e desconhecidos foram fundamentais. Mais uma vez obrigada!

Eu já estou melhor. Mais tranquila, passado o choque inicial, e  mais afastada da situação eu consigo raciocinar melhor em cima do que aconteceu, do diagnóstico que recebi, do comportamento do médico...

Perdoem-me se eu for me repetir mas eu já falei que eu costumo "sair" do meu corpo para resolver meus problemas? Acho que nunca falei sobre isso. Vou explicar antes de acharem que faço viagens astrais - o que não faço ou se faço estava muito louca e nunca me lembro de nada, hehehe. Mas essa viagem acontece assim: primeiro eu começo a me imaginar fora do meu corpo, eu me olho de cima, flutuando, voando cada vez mais alto e longe de mim mesma, longe da situação que me angustia. Assim, eu fico fora do problema e isso me dá liberdade para pensar em uma solução para ele. Eu fico mais isenta, penso de maneira mais pausada e moderada, desapaixonada. Penso que o problema não é meu, é daquela PândegaPanda pequenininha, lá embaixo. E eu penso como eu resolveria o problema dela - que não é meu. A gente sempre encontra solução para o problema dos outros, é sempre mais fácil quando não tem as nossas emoções envolvidas, não é mesmo?

Bom, explicado o meu método de resolução de problema - que algum psicanalista identificaria como um transtorno mas que não significaria nada para mim já que eu não suporto Freud e sua pseudociência - eu digo que ao me afastar daquela consulta, daquela notícia, daquela sequela, eu consegui pensar um pouco no como lidar com esses problemas e acabei me sentindo bem melhor.

Decidi (até segunda ordem) não voltar mais nesse oncologista. Oras: se eu tenho medo desse médico por que devo ir novamente a ele? Se o problema em questão não é mais oncológico (é uma sequela do câncer mas não um câncer) por que tratar com um oncologista e não com a minha proctologista? Aliás, eu tenho estenose anal? Ele disse mas eu não tenho os sintomas típicos. Então antes de surtar eu deveria ter me afastado e raciocinar. Por hora eu decidi ir à minha procto e conversar com ela sobre isso. E só. :o)

É isso. Beijocas.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Eu pensei que tivesse acabado...

Eu volto a trabalhar em 5 dias, menos de uma semana. Ou seja, minha licença, meu período para tratar o câncer e me recuperar, em tese, acabou. Da cirurgia (de onde saiu a biópsia) para agora se passaram 6 meses. Eu pensei que agora não fosse haver mais sofrimento. Pensei que não haveria mais dores, principalmente. Mas não é bem assim que as coisas acontecem.

Fui hoje ao oncologista cirúrgico. Ele fez o toque retal. O exame desse médico foi infernal, doeu muito e saiu bastante sangue. E, se não bastasse tudo que me aconteceu, toda a dor dos meus tratamentos agora tem essas sequelas malditas e infernais. A parte boa é que ele verificou que a lesão desapareceu e informou que em casos como o meu há 97 a 98% de chance de o câncer não voltar. Ótima notícia, claro. Porém, tem sempre um porém...

Bom, além da estenose do canal vaginal, da fibrose do colo do útero, da diminuição da função ovariana e de outras sequelinhas menores, eu fiquei com uma estenose do ânus. Caramba, eu não sou tão forte assim, Deus. Se não bastasse tudo que já me aconteceu, toda a dor dos meus tratamentos agora tem essas sequelas malditas e infernais. Eu já estou me sentindo a última das mulheres, seca e infértil, com cabelo ralo, manchas horrorosas na pele, ainda tem os tratamentos dessas sequelas que me são dolorosos e humilhantes.

As vezes eu tenho vontade de desistir e de nunca mais voltar nos médicos.

domingo, 15 de abril de 2012

Disfunções sexuais e câncer

Vocês sabiam que a radioterapia pode causar, como sequela ou efeito colateral, algum tipo de disfunção sexual? É bem verdade que eu não achei nada referente ao meu tipo de câncer mas como a radiação acontece no mesmo lugar (pelve) eu fui ler a respeito da RT em câncer de ovário, colo do útero e próstata. Um desses trabalhos que li está disponível no http://www.scielo.br/ .

Bom, eu descobri a minha disfunção meio na marra... Depois de receber o "OK" do meu radioterapeuta, eu parti para a brincadeira propriamente dita e simplesmente não consegui. O pênis não entrava, sentia dores terríveis. Eu chorei, meu marido chorou e foi horrível, não dá vontade nem de tentar de novo!

Aí começaram meus problemas. E eu vou dividi-los com vocês, mais uma vez, passando por cima da minha vergonha com o intuito de ajudar alguém que esteja passando pelo mesmo problema e que, assim como eu, não tenha sido orientada a respeito. Até porque minha impressão não foi boa com relação a várias orientações que recebi mas principalmente sobre as que não recebi. Eu pensei que fossem me tratar do câncer mas todos parecem exclusivamente preocupados em tratar o câncer...

Pois bem, desde o início de março eu fiquei encucada com esse negócio de não conseguir transar. Todo mundo me dizia que era algo da minha cabeça, medo de sentir dor, baixa libido... Até que conversei com uma amiga que além de me recomendar tentar usar Dersani como lubrificante, recomendou que eu fosse a um ginecologista. E essa consulta aconteceu sexta-feira passada, 13 de abril.

O problema não era da minha cabeça. Além de o meu canal vaginal ainda estar inflamado, estar sem lubrificação (que não deve voltar), formou-se um anel fibrótico no meu colo uterino e, ainda, aconteceu um estreitamento do final do canal vaginal, tudo provavelmente como sequela da radioterapia.

A sensação que tive quando ela disse qual era o motivo desse desconforto ao sexo foi um misto de alívio e desânimo. Alívio por saber que a dor e o incômodo que eu sentia não eram causados por medo, não eram "inventados" por minha cabeça - há, de fato, uma limitação física que "encurtou" a minha vagina. E desânimo porque há uma limitação física...

E qual é o tratamento, então?

  • Primeiro, manter a vagina lubrificada MESMO que não vá fazer sexo colocando KY ou dersani para manter a mucosa lubrificada/hidratada.
  • Segundo, massagear esse anel fibrótico ou com o dedo ou com um dildo, sem provocar dor, tentando "amaciar" a fibrose e dilatar a vagina.
  • E, acreditem, o terceiro tratamento, é fazer sexo. :oP Mas como a ginecologista disse, nesse momento meu marido precisa ser um companheirão (sem trocadilhos, por favor) para fazer com delicadeza, forçando sem causar dor. E se em 6 meses (isso tudo!?!?!) a dilatação não for satisfatória, existe ainda possibilidade de fazer uma cirurgia.

Agora eu pergunto: por que meus médicos não me mandaram ir ao ginecologista para uma avaliação já que esse tipo de sequela/problema é comum em radioterapia da região pélvica?

Bom, pelo menos a minha amiga, médica e paciente de câncer de mama, Dra. Marina, mandou que eu fosse. E ir foi a melhor coisa que eu fiz: ainda que ir não tenha resolvido o problema pelo menos eu já sei que estou no caminho e orientada para isso.

Beijocas a todas!

quarta-feira, 4 de abril de 2012

Uns pensamentos

Frequentemente eu venho ao editor de postagens do blog, começo a escrever e desisto. Não sei bem porque isso acontece. Hoje, como uma amiga me mandou uma mensagem querendo notícias precisei, de fato, organizar as ideias para responder para ela. Acho que isso pode me ajudar a escrever o que eu venho pensando mas que "não sai". Desde já, peço desculpas se tudo soar desconexo.

Eu estou me sentindo mais ou menos. Tem dias, como hoje, em que eu estou beeem menos. Não é tão linear o meu humor, aliás nunca foi mas ficou muito pior. Tem dias ótimos em que eu acredito ser muito forte, estar curada, tocando minha vida. Tenho ido 3 ou 4 vezes por semana à faculdade, contratei a personal trainner, bem ou mal estou retomando a minha vida. Mas aí, em outros dias, eu fico mal, tão mal que só penso nas sequelas - ovários fudidos, dor bem menos frequente mais ainda resente, cabelos horrorosos, queimaduras na pele, choro no meio do treino na esteira ou pior, nem saio de casa e falto deliberadamente aos meus poucos compromissos.

Ter um câncer não é simples nem fácil. Os sentimentos se misturam e ficam complicados.

Tenho pensado muito nessa coisa do não ter filhos. Fico matutando o porquê de se juntar patrimônio quando não se tem para quem deixar. Cada vez mais leio da minha própria vida que preciso vivê-la mais, ter mais prazer. Não vou deixar nada nesse mundo, nem lembranças.

Todo mundo sofre, não dá para medir o quanto de sofrimento cada um carrega ou vivencia. O máximo que dá pra gente saber é que alguns sofrem por mais tempo do que outros. Tem gente que perde um ente querido, tem gente que perde um membro ou uma parte do corpo, tem gente que perde uma função orgânica. Não dá para comparar sofrimentos.

E o grupo do facebook "amigas do peito" tem me ajudado bastante. Elas - meninas com câncer de mama - me aceitaram lá e a troca de energia é ótima. Se com elas eu estou assim sem elas não imagino como estaria. às vezes - hoje, por exemplo - mesmo eu mesma querendo sumir consegui dar ânimo para outra menina que estava mais desanimada do que eu. Enquanto escrevia para animá-la pensava que era aquilo que eu deveria "pensar/sentir" em mim. É engraçado isso.

Por hoje é isso. Parece que eu fumei um baseadão e saí falando loucuras mas acredite não foi o caso... foi somente uma verborragia.

Beijocas.

domingo, 18 de março de 2012

O câncer está roubando a minha essência

Eu fiquei 10 dias sem escrever aqui. Não tive muita vontade, hoje voltei e, pior, só por necessidade de desabafar.

Meu cabelo está caindo muito, mais até do que da última vez, após a quimioterapia. Quer dizer, está caindo a mesma coisa, o problema é que está caindo há mais de uma semana e por isso fiquei preocupada. Aliás, isso não foi o único problema que me aflige: além do cabelo ralo, eu estou com a pele seca, olhos secos e até mesmo com diminuição da lubrificação vaginal. Procurei minha endocrinologista um pouco antes do previsto, já que meu radio-oncologista disse que eu deveria fazer controle com ela aproximadamente 2 meses depois do fim do tratamento.

Ela suspeitou que talvez meu hipotiroidismo houvesse finalmente se apresentado, pediu alguns exames de sanguel. Alguns resultados já saíram e não me deixaram feliz: a glicose deu aumentada, TSH e T4 estão normais (donde concluo: não é hipotiroidismo) e quase todos os hormônios sexuais estão alterados. Resumindo: ainda que não seja definitivo, eu estou me sentindo na menopausa. Aos 30 anos. E isso não está me fazendo bem.

Eu passei por todo esse sofrimento, segundo me dizem, muito bem. Pessoas têm me dito que eu estou mais alegre, que fui muito forte, e em geral têm feito muitos elogios. Por dentro estou corroída, tentando encontrar motivo na vida, motivo para viver. Tenho me sentido incompleta, maculada, com manchas na pele, com cabelo horrível, me sentindo seca da raiz do cabelo até a ponta do pé. É como se o câncer (ou o seu tratamento - morri da cura?) me houvesse sugado a essência do viver, a minha juventude, a minha beleza e feminilidade. Eu me sinto muito menos mulher, muito menos apta à vida. Não estou preparada para a menopausa agora. Não estou conseguindo superar mentalmente esse problema, estou desanimada, com pensamentos pouco resolutivos.

terça-feira, 6 de março de 2012

Retomando minha rotina... Aos poucos!

Eu não sei se mencionei que no dia do agradecimento eu recebi alta da químio e que já havia recebido alta da radio no dia 23/02. Isso não significa que hoje eu posso fazer tudo mas que hoje eu posso fazer muito! Por exemplo, frequentar praias e piscinas públicas ainda não me é permitido. Porém fui extremamente incentivada pelos dois médicos a voltar a fazer atividades físicas e a tentar na medida do possível ocupar a mente com alguma coisa pois viver focada na doença pelos próximos dois meses (de licença) não seria bom para mim. Ademais, eu perdi 8kg com a químio - tudo tem seu lado bom! - mas sei que preciso emagrecer ainda mais 15kg para entrar num patamar de peso saudável. Isso sem falar que eu não consigo subir um lance de escada sem ficar esbaforida...

Ou seja, feliz por receber alta e consciente de que este será um passo importante rumo a uma vida mais saudável e potencialmente mais longa, fiz minha re-matrícula na academia e contratei uma personal duas vezes por semana. Estou gastando rios de dinheiro mas confesso que me esforço para pensar em "investimento em saúde"e não em "gastos". A personal (Aloka) me tirou o couro já na primeira sessão e disse que eu preciso ir TODOS os dias à academia e que, pior, ela está diariamente lá para verificar minha assiduidade. Não preciso nem falar que eu passei o fim de semana sentindo dores musculares mas me sentindo ótima por estar buscando ter mais saúde!

E há um pensamento bastante motivador nisso tudo: quem passou por 33 sessões de radioterapia consegue até correr uma maratona descalça! Ou não, hehehe! o.O Mas é isso aí.

Além disso, as aulas na faculdade recomeçaram ontem. Preciso voltar aos poucos à rotina, não é mesmo? Afinal foi essa a indicação médica: tudo aos poucos.... Então não dá para começar a academia na mesma semana das aulas... uahuahuahauhau Semana que vem eu volto! É essa a ideia: primeiro só a academia, acrescento a faculdade e mais para frente ainda retorno ao trabalho: tudo aos poucos, sem sobressaltos: mais forte, mais magra, mais saudável e cada vez mais feliz.

Muitas beijocas!

terça-feira, 28 de fevereiro de 2012

O dia do agradecimento

O dia da gratidão, eu descobri ontem, foi no dia 06 de janeiro. Então, eu inventei que ontem era o dia do agradecimento - que tecnicamente é a mesma coisa, mas como eu o inventei é meu e eu escolho nome e dia para existir, hehehe. Vou explicar melhor, hehe.

A gratidão é... Bom, eu não sei exatamente o que é gratidão. Mas me parece que é um sentimento que nos traz alegria e resignação. Especialmente depois do câncer eu tenho tido uma vontade especial de agradecer. Agradecer, com a devida licença poética e maltratando a gramática, assim mesmo, sem objeto direto nem indireto; como verbo intransitivo. Tudo o que existe merece ser agradecido.

Eu sinto, penso e ajo segundo esse raciocínio: tirar o foco do problema e trazê-lo para o agradecimento. Isso me torna mais consciente do que eu sou, do que eu tenho e consequentemente eu me sinto mais forte e preparada para enfrentar outros (e novos) problemas... e assim por diante, num eterno processo de retroalimentação quando agradeço fico mais forte e quanto mais fico forte mais agradeço. Isso não é muuuuuuuuito louco?

Voltando ao meu dia do agradecimento... No meio do meu tratamento eu tive uma ideia: vou levar lembrancinhas para agradecer a todos da clínica, quer tenham me atendido, quer não... Vou agradecê-los por terem me atendido ou por estarem disponíveis para tal, e vou fazer isso no final do tratamento, curada ou não curada. O pensamento foi o seguinte: todos os que me atenderam foram legais e simpáticos; e os que não me atenderam se o fizessem, tenho certeza de que me atenderiam bem. Logo, não atenderam por um motivo qualquer do destino mas mesmo assim merecem meu agradecimento. E, obviamente, curar-me (ou não) não cabe a eles, logo o meu agradecimento deve ser desvencilhado da cura.

E as lembrancinhas que eu escolhi foram esses lindos e deliciosos potinhos de brigadeiro de colher!

 
Encomendei cem dessas delícias, arrumei todos eles no meu espalhafatoso carrinho de feira roxo florido e rumei para a Clínica! Foi tão legal!!! É tão gostoso agradecer, ver o sorriso das pessoas, sentir o abraço delas! Desidratei de tanto chorar a cada abraço, a cada mensagem que recebia, a cada sorriso. Eu queria poder distribuir mais brigadeiros, para mais pessoas, tanta gente... Tanta gente me ajudou, tanta gente esteve comigo ao meu lado, mesmo tão distante. Infelizmente nem todos receberão as gostosuras mas espero, sinceramente, que todos os que estiveram e estão ao meu lado nessa difícil jornada se sintam abraçados e agradecidos por mim.

OBRIGADA, pessoas lindas, queridas, guerreiras, amigas!

quarta-feira, 22 de fevereiro de 2012

Você se sente ótima e aí...

Amanhã faz 14 dias que o tratamento (químio e rádio) acabou. Irei fazer a primeira consulta de revisão com o rádio-oncologista, o Dr. IM, o santo médico. Na minha mente, não há mais câncer em mim. Só tenho as sequelas comigo. Sinto pouca dor, perto de toda dor que eu já senti. Estou aproximadamente 8 quilos mais magra - ou menos gorda, é uma questão de ponto de vista, hehehehe! Ainda há uma ferida no céu da boca. Na pele da região pélvica não há mais queimaduras doloridas ou feridas abertas; há cicatrizes horrorosas que, dizem, desaparecerão com o tempo. Ainda tomo antibiótico, remédio para dormir e remédio para enjoo.

Mas hoje, para mim, o pior de tudo é o desconforto ao urinar e evacuar que segundo o meu médico será o incômodo que permanecerá por mais tempo comigo, ainda mais devido a minha pouca afinidade com anti-inflamatórios. Dr. Google me disse que pode permanecer por 2 ou até 6 meses... E ainda se instalar de forma crônica, em 20% dos paciente submetidos à radioterapia. Não, eu não vou permitir que eu seja parte dessa estatística... Mas 2 meses com esse desconforto eu não sei se vou aguentar. Eu já estou de saco cheio dessa bodega toda. É dor, é cicatriz, é sequela. E o incômodo é diário, váááááárias vezes por dia. Pelo menos não dói o dia inteiro, só quando vou ao banheiro.

Você se sente bem, você se vê bem, você acha que está ótima. E aí, de cima para baixo, Deus vem e te prova: você ainda está em recuperação, você não está tão bem assim. É assim que me sinto.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2012

Só alegria!

Vocês sabem, apesar dos meus altos e baixos, que nessa jornada dura eu ESCOLHI ser feliz. Aliás, eu escolhi ser feliz para toda a minha vida, hehehehe. Houve problemas, é claro. Câncer é um problema e, como já disse antes, por melhor que lidemos com esse problema nunca será como tirar férias no Caribe.

Mas, como dizia, estou num momento só alegria, com muitas comemorações. Por exemplo, das feridas na boca, só me resta uma, no céu da boca, e já em processo de cicatrização. Isso significa que eu consigo mastigar como uma pessoa normal, uma pessoa com uma afta mas sem grandes problemas. Além disso, não estou sentindo enjoos enlouquecedores, só vez por outra... mas continuo tomando remédios para enjoo por via das dúvidas. Outra coisa deliciosa: eu fui ao mercado e com calcinha! Sim, ir ao mercado, caminhando devagarinho e usando calcinha não é para qualquer um! hehehehe. Sei que parece coisa de maluco - eu quero mesmo saber é quem é normal??? - mas eu estou comemorando usar calcinha por 30 ou 40 minutos por dia. E analgésico SÓ de 8 em 8 horas? Não é um luxo? :o)

Outra coisinha linda que sempre digo: fazer amigos. O blog, que só foi usado porque descobri um câncer, colocou-me em contato com muitas pessoas, amigos virtuais e até com representante comercial de creme hidratante! Sim, é verdade. Foi a simpática Roberta, da Udderly Smooth, que além de ser um amorzinho e mandar mensagens positivas, enviou amostras do produto para que eu o testasse. Sinceramente? Adorei o produto e no próximo parágrafo farei uma breve resenha. Agora, eu acho que quem deveria me dar uma amostra dele era a enfermeira lá da clínica, né? Porque o creme é caro e sem saber se é bom fica difícil comprar, atirar no escuro. E se depois não fosse bom? Você não sabe o que vai acontecer, nunca teve câncer e fica meio desorientado...

Bom, sobre o creme: ele é uma gracinha, de embalagem malhada como uma vaquinha. Parece que ele era um creme indicado na cicatrização de tetas de vaca ou algo assim. A textura é bem leve apesar de o creme ser espesso e é muito rapidamente absorvido pela pele. Não sei se ele foi tão rapidamente absorvido devido ao estado deplorável em que se encontra(va?) a minha pele, especialmente meus pés, mãos, cotovelos e depois de tanta radiação a "poupança". Não usei na pele da virilha porque é uma ferida, não é pele normal ainda... Mas parece que pra peles ressecadas o creme é muito bom mesmo. E o cheiro é muito discreto e suave.

http://www.udderly.com.br/index_arquivos/Page469.htm

Pelo que soube (não pelas pessoas que deveriam me orientar sobre isso!), quem se submete à químio pode apresentar ressecamento da pele. E eu achando que minha pele estava horrível porque eu estava sendo desleixada... Pelo menos na radio me indicaram o produto, eu só não pude testar. Eu acho que esse creme deve ser bom mesmo para ser usado ANTES e DURANTE o período em que se está fazendo radioterapia. Talvez tivesse evitado chegar no estágio ao qual eu cheguei. Mas isso é especulação. Que fique a oportunidade de outra pessoa usar antes de se "queimar" como eu. Ou, ainda, que procure a Roberta [(21) 3002-0437, (11) 3711-9197] e peça amostras a ela! Recomendo!

É isso. Beijocas.

segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

Sequelas da radioterapia: queimadura

Depois de muito pensar, decidi que vou colocar uma foto da minha pelve aqui no blog. Acho que dá para ver as queimaduras. Aliás, antes de pensar em postar a minha queimadura, procurei muito no google mas como não achei nada decidi postar a minha mesmo. Vale lembrar que a parte vermelha já é a pele nova, depois que a pele marrom já descascou. Quando eu falo da dor que sinto, que preciso de analgésico forte, muita gente pensa que é como uma dor de uma assadura. Não, não é, não dói como uma assadura: é uma queimadura e é assim que fica.



Não espero chocar ninguém não, muito menos desenvolver em alguém uma pena pelo que eu estou passando. Pretendo, isso sim, mostrar como é que fica a pele depois de 33 sessões de radioterapia.

Mas por que, Dona PândegaPanda? Porque as pessoas acham que é assim: que acabou o tratamento e que está tudo bem, que dá para voltar hoje ao trabalho e simplesmente aguardar o resultado dos exames confirmando a cura. Infelizmente não é. Eu também achei um exagero quando meu médico fez o relatório para o INSS sugerindo 4 meses de licença. Mas eu ainda não tinha feito nem 10 sessões, não imaginava o que ainda estava por vir... E o Dr IM, o santo médico, me falou, "você vai ver que não vai dar para trabalhar com os efeitos da radiação". Infelizmente, dito e feito, ele estava certo. Só posso falar que é f#@)#*@$*da. Mas que, dizem, é tudo transitório e que a pele volta ao normal. Será? Estou torcendo muito que sim... :o)


Beijocas a todos!

sábado, 11 de fevereiro de 2012

Feliz ainda... mas passei uma noite dos infernos.

Ok, acabou e eu estou feliz.

Mas essa noite foi dos infernos. Levantei várias vezes com vontade de fazer xixi, com contrações intestinais bizarras, calor e frio em sequência. Quando finalmente consegui dormir já eram quase 8h da manhã. Achei que estivesse tudo bem quando de repente um enjôo sem precedentes, muito rápido mesmo, veio do nada! E vomitei. Graças a Deus consegui chegar ao box e já sem roupa, se não teria sido pior... Ok, tomei banho, me recompuz e pensei: agora acabou, né? Daí tive uma diarreia daquelas. Resumindo, Pandinha está na mão do palhaço. De novo.

Aprendizado: acabar o tratamento não quer dizer que a batalha acabou, né?

Beijocas.

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012

Agora ACABOU e estou tão feliz!

Eu estou tão feliz, tão feliz, tão feliz! :o)

Saber que o tratamento propriamente dito acabou me dá uma paz, uma força, uma alegria indescritíveis. Sei que a batalha continua, afinal meu rosto ainda está bem manchado, meu cabelo meio ralo e, principalmente, minha pelve ainda está completamente destruída. Posso ter lesado definitivamente meus ovários e meu útero, meu intestino pode estar meio avariado também e, óbvio (porém improvável), posso não ter me curado do câncer. Mas a sensação de dever cumprido é maravilhosa. Eu me sinto uma campeã, uma guerreira mesmo, por suportar tudo isso e ainda rir de tudo.

Rir e ser feliz é, definitivamente, uma questão de escolha. Eu escolhi olhar para tudo isso com amor, com gratidão, com fé. Percebi que há mais pessoas ao meu lado do que eu supunha, que minha família é muito empenhada em me ver bem e me amar, que meu marido sofre muito com meu sofrimento mesmo que ele precise se mostrar como uma rocha para o mundo! Percebi que choramingar não ameniza sofrimento mas que tenho o direito de chorar, de tropeçar e principalmente de levantar e tocar o jogo.

Nesse momento eu só queria dividir minha alegria. Convencer todo mundo de que ser feliz é melhor que ser triste e que como se diz por aí "doença não dá em poste", que não somos escolhidos de Deus para sofrer, que não somos especiais por suportar a dor. Simplesmente precisamos, por algum motivo que não nos cabe saber, passar por tudo isso.

Não pensem que não sofro ou que tudo vem sem esforço, muito pelo contrário. O que quero dizer é se a vida lhe der um limão, faça uma bela limonada (ou caipirinha, quem sabe?).

Beijos com muita gratidão a todos vocês! Minha lutinha continua!

quarta-feira, 8 de fevereiro de 2012

Já me sinto melhor

Eu acho que a é a diarreia que acaba comigo. Sei lá, tudo que eu tava sentindo ontem, fisicamente falando, está meio igual ao que eu estou sentindo hoje... Mas o fato de eu não ficar reinando o dia inteiro, eu acho, me traz conforto diante de todo o quadro. Vai ver que é isso. Eu continuo com feridas na boca e dificuldade de engolir, continuo com os problemas de dor na pelve mas hoje, ao contrário de ontem, estou bem melhor. Talvez esteja com bem menos dor na pelve.

Aliás, preciso compartilhar. Quando entrei em contato com o meu médico, o santo médico Dr. IM, ele mudou quase todas as orientações da enfermeira e do médico que me viram na segunda-feira. E, devo confessar, adorei as mudanças que ele fez.

Desde o início dessa doença falei que não precisava de opções de tratamento. Precisava encontrar alguém me me guiasse e em quem confiasse e seguir em frente, sem dúvidas, sem "nóias". Não sei mas acredito que seja uma questão de empatia ou afinidade espiritual ou o que for. Eu confio no meu radioterapeuta, eu gosto do jeito dele mesmo ele sendo o mais novo e com, em tese, a menor experiência dentre todos os outros médicos que já me atenderam devido ao câncer. Acontece que ele me convence, ele me é o mais atencioso e sabe-se lá porque eu é aquele que me passa segurança. E ponto final. Eu até o chamei de mei herói ontem! uhauhauhauhauha

Bom, ontem, além de mudar o analgésico por um mais forte, ele tirou as compressas de permanganato e trocou por camomila, mandando inclusive mudar de só 2x por dia para quantas vezes por dia eu conseguir. Também trocou o antibiótico local por oral e manteve o antifúngico e o cicatrizante que eu já estava usando desde o início das feridas. Sinceramente: ADOREI. Quando o tratamento é complicado o paciente não gosta, desiste. Quando o tratamento é facilitado - como foi a sugestão que ele me deu - a gente segue e gosta. Ou seja, agora faço pelos menos 3 vezes por dia faço compressas de chá de camomila gelado por 30 minutos e logo depois passo o antifúngico misturado no cicatrizante e está tudo resolvido. Não fica muito melhor que passar 2 horas por dia tratando dessas feridas?

Beijocas mais animadinhas para vocês que me lêem, seus lindos!

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

Hoje estou completamente derrotada

Hoje era para ser um dia relativamente tranquilo mais não foi. Era para eu descansar pela manhã já que a radio foi suspensa por um dia. Mas além de estar com a boca cheia de feridas, sem conseguir mastigar ou engolir com tranquilidade, tive também diarreias violentas ao longo do dia. Por hoje é só isso. Estou sem forças, sem ânimo, completamente derrotada, com a pele e o rosto cheio de manchas... Mas sei que tudo está valendo a pena.

É isso.

segunda-feira, 6 de fevereiro de 2012

Novidades bizarras

Não preciso mas vou repetir: Pandinha está radiante por estar sem cateter e sem químio. (Não custa dizer isso mais uma vez, né? hahahah)

E não é só isso! Eu menstruei, mesmo tomando duas caixas seguidas de diane! Sabe o que o médico falou? - eu sei que não é hora de contar com isso, é preciso esperar os efeitos tardios mas é só uma esperança boa que preciso compartilhar - "Nossa, depois de toda essa radiação seus ovários ainda estão assim? Geralmente as mulheres param de menstruar com essa radiação!". Eu fiquei tão feliz!!! Pode ser que meus ovários não fiquem danificados; pode ser que eu possa ter a opção de ser mãe quando eu assim decidir!!! Ai, sei lá... Estou muito feliz. Estou até escrevendo meio confuso, não estou? Mas é que esperança, pensamento positivo, mantra, orações, rezas, vibrações... sei lá, funciona. :o) Já deu para entender.

Mas nem tudo são flores, como sempre. Hoje fui à rádio e pedi para que alguém da enfermagem visse a minha virilha pois apareceram umas placas brancas nas feridas. Gente, na boa, se vocês vissem a cara da enfermeira vocês teriam pena de mim. Ela fez uma cara, somado a um "noooossa" da-que-les. E disse que iria chamar o médico que estava lá - que não é o meu radioterapeuta -, para eu aguardar na maca. Quando veio o médico... Gente, na boa, se vocês vissem a cara do médico vocês teriam pena de mim. Ele fez uma cara, somado a um "noooossa" da-que-les. Eu não me aguentei e disse para os dois: "essas caras de vocês não me ajudam, só pioram a minha situação... Então, o que a gente vai fazer para melhorar isso?"

Resumo: deu fungo (candidíase ou sapinho) nas feridas. Ou seja, mudanças grandes nos medicamentos aplicados no local. Agora preciso fazer compressas de permanganato (que dão um alívio incrível... água rósea geladinha e milagrosa!) por 30 minutos, depois aplicar o antifúngico e ficar com ele por 40 minutos e depois aplicar o antibiótico/cicatrizante... tudo isso 2 vezes por dia. Mas tá ótimo! Fazer o quê, não é mesmo? Por conta disso (dessa radiodermite grau 3 ou radioepitelite e infecção fúngica) suspenderam a rádio de amanhã. O médico queria suspender o tratamento faltando 3 sessões... Fiz igual minha amiga "Nada Paciente" que sempre recomenda a frase "isto não está em negociação" e falei que aceitava não ir amanhã DESDE que TUDO terminasse na sexta-feira. Funcionou. Então descanso amanhã mas farei radio na 4ª, 5ª e 6ª.


Além disso, a mucosite está dando as caras. Está diferente da que apareceu no primeiro ciclo. Só agora apareceram feridas na boca e não estou com pouca salivação, a saliva ficou só meio grossa. Arde a boca por inteiro, então estou só na sopinha, vitamina e líquidos. Sei que pode piorar mas no momento parece menos intensa. Vamos aguradar cantando mentalizando boas vibrações para manter esse ótimo estado de espírito!

Beijocas a todos!

PS: Vocês que comentam no meu blog e mandam e-mails de incentivo são lindas! As melhores amigas virtuais e presenciais que podem existir! Merecem muita saúde, alegrias, realizações! Muito obrigada mesmo por existirem na minha vida! Força para aquelas que enfrentam o câncer com tanta alegria, elegância e bom-humor!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Adeus QT, adeus cateter!

ACABOU! O suplício do cateter acabou. Adeus, bombinha da químio!!!A dor da virilha até diminuiu diante de tanta alegria que foi tirar tudo do meu braço! :o)

Agora é só começar a me preparar para os efeitos pós químio, e aguentar firme tudo o que vem por aí. Faltam só mais 4 sessões de rádio e depois tudo terá terminado, ficarei só me recuperando das sequelas, das queimaduras, das feridas... epa, melhor para de falar nessa parte inevitável. Hoje só quero falar da alegria que é me livar do cateter e da químio! Em tese agora já estou virtualmente curada!

Beijocas a todos!

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

Pense na paisagem lá de cima

Eu não imaginei que minhas coxas e virilhas pudessem doer mais do que já doiam. Pensei: o que poderia doer mais em mim do que as feridas na boca, nas virilhas e no "cofrinho"? De ontem para hoje descobri: feridas E EDEMAS. Acreditem, amigos, há uma semana do final do tratamento, ou seja mais do que tardiamente, minhas "coxas" (ou essa região meio sem nome) resolveram inchar.

Não sei se são ínguas porque, confesso, não sei exatamente o que é uma íngua, hehehe. Fato é que do ladinho da perestróica e virilha até onde começa a coxa está suuuuper inchado. Já estava marron-arroxeado com nuances roseo-vermelhas, típico de queimadura, como queimaduras de sol, mas agora além de colorido, quente e dolorido... ficou inchado. Então temos uma típica inflamação: dor, calor, rubor e edema! - aprendi isso no 1º período da minha primeira faculdade e até hoje não me esqueci disso, hehehe o professor fez a gente repetir como mantra e óbvio cobrou na prova! uhauhuahauh

E como todo castigo para corno é pouco, apareceu uma nova alergia! Agora o tegaderme da marcação da rádio que fica localizado na barriga resolveu irritar a minha pele. Que maravilha! (NOT) Mas fiquem tranquilos, não tentarei o suicídio, falta muito pouco. Mas é nessas horas que eu agradeço sentir tanto sono porque quando durmo não sinto dor.

Amanhã, se tudo correr bem, além de fazer a reposição da rádio (que não houve ontem) retirarei a bombinha da químio. A boca já está meio dolorida mas ainda não há feridas abertas, só uma ardência generalizada. É reta final, mais dor, mais sofrimento e mais risos. Meu médico falou que "quando eu assinei o contrato já sabia que tudo isso iria acontecer então..." É isso aí.

Quero aproveitar para compartilhar com vocês uma frase que minha mãe me disse há muuuuitos anos e que é sempre válida, atual e inpiradora. Não é dela mas para mim será sempre uma fonte de ânimo vinda da minha mãe em um momento que naquela época foi muito difícil:

"Quando a escalada parecer tão difícil que até desanima, pense só na paisagem que se vê lá de cima."

Beijocas - não se permitam esmorecer... pensem sempre na paisagem lá de cima!

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2012

Micro-post: estou amando fazer novas amigas! :o)

Eu queria agradecer muito a Deus por tudo que tenho e tudo o que sou, pelo que sofro e pelo que me animo. Fazer amigas virtuais, escrever este blog, sentir que além de não ser a única também não estou sozinha é algo que me traz profunda alegria diante de tantos outros sofrimentos e dores inevitáveis. Obrigada, novas amigas! :o)

Tudo pelo que nós passamos, eu tenho uma certeza dentro de mim que diz isso, é necessário. Então quero aproveitar para agradecer e até mesmo repetir as palavras de Gianecchini: "o câncer é uma bênção.". Eu penso que seja um sofrimento necessário, doloroso, beirando o cruel mas que nos faz mudar algumas questões com nós mesmos. Não estou dizendo que quem tem câncer é melhor que quem não tem mas que quem tem câncer tem a oportunidade forçada de repensar e se quiser, melhorar algumas questões. E é isso.

Pela milésima vez, obrigada. Beijocas.

terça-feira, 31 de janeiro de 2012

2º ciclo de químio... E um desabafo.

Hoje coloquei novamente a bombinha da quimio e ficarei com ela até sábado (ou domingo, depende de quando ela acabar). É o 2º e último ciclo da químo. Tudo correu sem maiores problemas. Foi menos difícil do que eu imaginava. Quero dizer, a colocação... Mas ainda não sei se vai doer, se minha boca vai explodir, se, se, se, mas o ato de recolocar a bombinha não foi tão traumático assim. Foi (e é) só chato. O braço está um bocado mais limitado (vou tomar banho de de gato?) mas dor mesmo só nas virilhas e no cofrinho... hehehe. Estou rindo como uma hiena. Como sempre e até dessa frase ridícula. :o)

Agora é só esperar pelos milagres improváveis novamente: dessa vez meu milagre é para que eu não sinta mais dores do que já estou sentindo, que minha boca não "exploda" como da última vez porque agora eu já sinto dor o suficiente na pelve. Dói muito, toda a região está descascando, está difícil andar, deitar, virar na cama, levantar, ir ao banheiro, até para ficar parada dói. Fora o calor desproporcional que sinto em relação a temperatura ambiente. Efeitos colaterais são assim mesmo.

Nesta quinta-feira farei a perícia no INSS para entrar oficialmente em auxílio-doença. E por falar nisso, queria dividir com vocês uma indignação que me acometeu por estes dias. Não sei se já disse, sou empregada pública e tenho direito constitucional a receber um "pichulé" dos lucros da empresa, a chamada PLR - Participação nos Lucros e Resultados. Mas o como, o quanto, o quem deve receber, e todos os detalhes a respeito disso devem constar de um acordo entre empresa e empregados, votado em assembleia legítima convocada para esse fim.

E essa semana foi aprovado na empresa em que trabalho o acordo de PLR 2011. Vocês ACREDITAM que há uma cláusula que prevê descontos no pagamento da PLR aos empregados afastados inclusive por acidente e para os em auxílio-doença??? Mesmo alertados os colegas da existência desta cláusula (que, PASMEM, esteve lá em acordos anteriores, mostrando que ninguém nunca lê todas as cláusulas do acordo com a devida atenção - ALÔ colegas da Faculdade de DIREITO!!!) mais uma vez o acordo foi aprovado imediatamente com esta cláusula absurda e anti isonômica devido a um motivo simples: medo de atrasar o pagamento caso a 1ª proposta da empresa fosse negada.

Será que o empregado em tratamento de saúde desejou ou causou a doença para ficar afastado? Ou, ainda, que os acidentados o são voluntariamente? Esses empregados são duplamente penalizados! Embora pareça que eles ficam em casa sem fazer nada, eles não ficam!!! Eles têm aumentos em seus gastos de maneira absurda: idas e vindas a médicos, tratamentos, medicamentos, exames não cobertos pelo plano de saúde, refeições em casa não custeadas pela empresa (lembrem-se que o vale alimentação também lhes é cortado posto que sua finalidade é alimentar o trabalhador, não o afastado!), e por aí vai. E ainda tem colega que diz que o "฿@ஜ☪◎ é uma mãe". Só se viramos todos uns filhos da puta. Perdão pelo desabafo e mau-humor.

Beijocas.

PS esclarecimento: esse ano, relativo à PLR 2011 não serei prejudicada. Comecei meu afastamento em 2012. Mas na de PLR 2012, paga em 2013, caso venha a sofrer descontos, seguramente ajuízarei minha demanda no TRT. E recomendo aos colegas que agora estejam nesta situação de discriminação que o façam desde já!

domingo, 29 de janeiro de 2012

(Ainda...) Faltam duas semanas de radio

Meu tratamento de radio tem previsão de durar 7 semanas. Terminei a 5º semana.

Eu sei que falta muito menos do que faltava; sei que se estivesse fazendo o mesmo tratamento em outro aparelho, em outra clínica, as sequelas e efeitos colaterais seriam ainda mais devastadores do que já são; sei que tenho uma legião de pessoas boas ao meu lado e torcendo por mim. E mesmo assim isso tudo dói muito. Tem horas que eu simplesmente me acabo de chorar.

Acho que os efeitos de 5 semanas de radioterapia são como se eu tivesse ido à praia, sol de verão, 40º C por 5 semanas consecutivas (sem contar os efeitos nocivos internos - a possibilidade de ter danificado os ovários, útero, intestinos e tudo o mais que existe por ali). Toda a região pélvica está escurecida, meio marron-arroxeada como se eu tivesse torrado ao sol só essa região. E agora tudo está descascando. E quando eu digo tudo é tudo mesmo!!! E além disso, há feridas abertas nas duas virilhas e no "rêgo" (perdão da palavra mas eu não sei mesmo o nome correto dessa região). Eu não uso papel higiênico há tempos, só duchinha e lencinhos umedecidos (e abençoados) da Pampers. É dor o tempo todo: para deitar, para levantar, para me virar na cama, para andar, para sentar... Colocar uma calcinha agora é um martírio já que tudo está descascando e não tem pele 100% saudável em lugar nenhum!


A cada dia que passa parece que vai tudo ficando pior, o que, obviamente, não é possível ser verdade. Mas a dor vai se tornando cada vez maior. O tédio, as limitações, a aparência horrorosa da minha pelve estão só piorando. E para coroar essa sensação terrível que me assola, na terça-feira recoloco a bombinha da químio.

É melhor eu nem começar a falar da químio. Estou com medo, de sentir mais dor ainda. Vou parar por aqui e fazer uma meditação para me ajudar a ter mais força para seguir em frente.

Beijocas.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

E as metas para 2012?

Eu, confesso, não tenho uma memória boa para muitas coisas. Na verdade não é uma questão de ter ou não boa memória, é a questão do quanto de atenção você dispensa para uma coisa ou outra. Bom, nesse momento não importa saber o que é ter memória ou atenção seletiva. Este post é sobre elaboração de metas e mudança nos planos...

Eu sei é que quando o assunto é metas eu sempre me esqueço do que planejei para mim mesma, quer seja para curto, médio ou longo prazo. E eu acho que isso não é exatamente uma qualidade minha, sabe? Eu simplesmente me esqueço delas, logo não consigo saber se entou no caminho certo para atingi-las ou não e isso definitivamente não é bom. Ter metas e não se lembrar delas é um pouco como não ter metas e "deixar a vida me levar".

Bom, do que me lembro é que como meta de longo prazo, no fim de 2010/ início de 2011, eu estabeleci que iria me formar na faculdade de Direito no tempo previsto (5 anos - o que significa estar formada no segundo semestre de 2014) e que para antigir esta meta, em todos os semestres eu faria todas as matérias previstas para cada período e ainda mais uma ou duas eletivas e me esforçaria ao máximo para passar em todas as matéria, exigindo apenas média 7 de mim mesma. Até o momento, consegui manter este compromisso comigo mesma e no primeiro semestre de 2012 reforço minha meta: puxarei todas as matérias do 5º período e uma eletiva.

Mas e as metas de curto e médio prazo? Não faço a menor ideia! Vocês acreditam nisso? Como uma humana promete algo a si mesma, estabelece uma meta e perde completamente o rumo a tal ponto de não se lembrar qual foi a promessa que fez a si mesma??? Bom, não lembro.


O problema é que agora não consigo visualizar metas para mim. Só consigo pensar em coisas relativas a esse câncer: curar do câncer, ser feliz por que tive um câncer, viver melhor porque tive um câncer... Aí fica difícil, né, muito sensibilizada. Tudo ganha uma aura do tipo "aproveite porque de repente pode vir um câncer e mudar seus planos". Porque foi exatamente isso que aconteceu. Nunca em tempo algum, ainda que não me lembre exatamente das minhas metas, eu imaginei ficar esse tempo que estou e ainda ficarei de licença. Tudo sempre envolveu conciliar várias tarefas: trabalhar, ser esposa, ir à academia, ser feliz, me formar, ser mais magra, viver bem, ser mais saudável... Agora tenho tempo e não posso realizar nenhuma meta porque tenho sono, tenho dor, tenho um câncer.

Sei que com ou sem câncer eu posso fazer planos e eles serem drasticamente alterados pelas circustâncias sobre as quais não temos ingerência. Mas nesse momento eu me sinto incapaz, está difícil fazer planos e metas porque sinto como se estivesse na areia movediça. É como se todos os planos dependessem do desenrolar desse câncer.

Então, por agora, estou sem neuras, com apenas uma meta: passar por tudo isso da melhor maneira possível, sem exigir o inexigível, curtindo cada momento bom da minha vida e ao final disso tudo estar curada desse câncer. E aí, lá no final, começar meu 2012 de verdade, fazer minhas metas. Enquanto isso minha meta é só viver. E bem.

Beijocas,

domingo, 22 de janeiro de 2012

Que calor é esse?

Que calor é esse? Ter um câncer nunca será como férias paradisíacas no Caribe, certo? Mas ter um cateter no braço e ver o esparadrapo e o tegaderme descolando da pele devido ao suor E ainda ter a virilha em carne viva NO VERÃO faz tudo parecer pior.

Como disse a Marina em um comentário: viva aos avanços farmacêuticos! Pelo menos amenizam a minha dor já que eles não amenizam o meu calor! E essa rima infame amenizou meu mau-humor! uahuahuahauhau

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cheguei à 19º sessão de RT

É, amiguinhos... as coisas estão ficando cada vez mais complicadas. Mas tentarei escrever com muito otimismo diante disso tudo, prometo.

Hoje completei a 4º semana de tratamento e cheguei à 19º sessão da radioterapia. Finalmente, depois de todos os incômodos que apareceram nesse tempo, eu comecei a sentir dor. A parte mais vulnerável, a minha virilha, não aguentou e abriu um ferida e Dr.IM, o santo médico radioterapeuta, decidiu que era o momento de iniciarmos os analgésicos. Não é nada de outro mundo, é um remedinho controlado para dor e outro para dormir, pomadinha de xilocaína e um outro cicatrizante para aplicar no local. Já iniciei o uso e confesso que reduziu um pouco a dor mas a xilocaína ainda é o melhor, hehehe. Alívio temporário, total e imediato!

É curioso que eu continuo me sentindo feliz mas a dor, mais do que o cabelo cair, tira o ânimo, sabe. Já há uns dias consegui parar de chorar no box ao ver o cabelo cair. E, inclusive, acho que já está começando a cair menos. Porém, quando um problema acaba, começa outro... Dor, definitivamente, é muito pior do que cabelo caindo. A virilha está completamente aberta, é como se fosse um corte de 0,5 por 4 cm longitudinalmente em carne viva. Dói e ponto final.

A notícia boa é que a químio será atrasada em uma semana! :o) Ou seja, em vez de dia 24 de janeiro, será iniciada em 31 de janeiro.

É isso. Força, determinação, analgésicos e anestésicos para continuar rindo e curtindo a vida!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cabelo caindo e dente quebrado - pode isso Arnaldo?

Não tenho muitas novidades. Quer dizer, mais ou menos. Só que meu cabelo começou a cair. O médico insiste em dizer que não ficarei careca e me pego a essas palavras de maneira intensa, como se meu pensamento pudesse segurar meu cabelos em minha cabeça... Mas eles estão caindo. E muito. Cada banho é uma tristeza. É inexplicável, vem uma vontade de chorar muito forte - e eu me permito chorar nessas horas, mesmo sabendo que ainda que eu venha a ficar careca seria temporário. E eu não vou ficar careca. Mesmo assim a tristeza vem e eu choro. Ontem até decidi cortar o cabelo para ver se ele fica mais leve, mais bonito. A cabeleireira me disse que "não tá caindo quase nada". Posto aqui a foto do meu box e você me diz se isso é pouca queda de cabelo ou não. Em TODAS as lavagens de cabelo cai isso tudo, desde pelo menos quinta-feira passada (e eu lavo a cabeça todos os dias).





Ah, como todo castigo para corno é pouco, eu quebrei um dente. E hoje fui ao dentista e terei de voltar amanhã. É a vida. Certo que o dentista é ótimo - meu pai, hehehe - mas ainda assim é um saco. Ele consertou o dente quebrado mas amanhã faremos uma bela limpeza, antes mesmo de começar o 2º ciclo da químio já que ela tem potencial para "explodir" a minha boca e as condições de higiene da minha boca ainda podem piorar. Eu estou com vergonha! Eu passo o fio dental, escovo (com a mão esquerda, mas escovo!), bochecho com flúor e mesmo assim estou ficando com placas bacterianas. :o(

O resto está tudo igual: estou levando isso tudo bem  (é o que eu acho: diante disso tudo, até que estou bem) mas tenho alguns momentos de cansaço, de tristeza e até mesmo de dor. Inevitável. Mas vai passar, eu tenho certeza. É isso. Embora as notícias não sejam exatamente boas, também não são ruins.

Beijocas.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Desconforto e pausa para reflexão

Eu quase chamei esse post de "Desconforto e insônia" mas acho que essa palavra insônia não combina comigo. E, além disso, eu não acredito que eu esteja necessariamente com insônia: hoje, e apenas hoje, o desconforto que estou sentindo "lá embaixo" está atrapalhando a minha tranquilidade para dormir. Por isso mudei para "... e pausa para reflexão" porque é o que está acontecendo agora: já que não durmo aproveito para refletir.

Hoje pela manhã lá na clínica, falei para meu médico uma coisa que me dá um pouco de medo. Eu disse para ele que diante do cenário que me foi apresentado no início disso tudo eu até estava achando que o fardo não estava tão pesado assim. Ele disse com uma carinha ótima umas três vezes "que bom, graças a Deus" e repisou que o meu plano de tratamento tinha ficado excelente.

Sabe porque que falar isso me dá medo? É que Deus pode escutar e me mandar mais provações. Fora que eu ainda não cheguei à metade do meu tratamento e, então, é óbvio que tudo pode piorar muito. Tenho medo, um receio de estar feliz e levando tudo isso relativamente bem e daqui a pouco tudo piorar e eu me descabelar...

Por outro lado, lembro me da minha terapeuta falando sobre as possibilidades diante de uma espera de um fato aleatório. O fato aleatório pode ser bom ou ruim e isso independe da sua espera. Logo, você só pode escolher como passará o período de espera por esse fato mas não tem ingerência sobre o fato em si. Se tiver sido uma espera ansiosa (ruim) e o fato for ruim: péssimo para você que passou muito mais tempo "ruim" do que precisava - afinal você poderia de ficado mal somente diante do fato ruim! Por outro lado, você passou muito bem pela espera e do mesmo jeito aconteceu um fato ruim, ponto para você que só se alterou - se é que se alterou! - diante do fato ruim... Mas se, ao contrário, o fato no final foi bom? Se você se descabelou por um tempão, todo esse estresse foi por nada pois no final tudo deu certo! Melhor de tudo é aguardar bem e tranquilamente e ainda no final a sorte lhe trazer um fato bom... Eu acho esse raciocínio FAN-TÁS-TI-CO.

Então voltando ao meu caso concreto. Pensar nessas "possibilidades" me ajuda a diminuir o medo de falar que o fardo não está tão pesado - porque hoje a sensação é essa, é de que poderia ser muito pior, é de que devo agradecer por tudo estar dando tão certo, por meu médico ter feito um planejamento excelente, por eu ter tantos amigos ajudando, por meus pais terem saúde e poderem me ajudar nesse momento, por meu pai poder me levar diariamente à clínica, por minha mãe poder cuidar de mim pelo que não posso fazer por mim mesma, por meu plano de saúde cobrir todo o meu tratamento...

É olhar para tudo isso que eu estou sentindo/passando/tendo, de cima para baixo: meu cabelo está caindo, minha boca "explodiu", eu quebrei um dente, meu rosto ficou manchado, apareceu um pontinho de herpes no meio do meu peito, eu enjoo muitas vezes depois de comer, minha pele da pelve está mudando de cor, "meus países baixos" estão pegando fogo e coçando, há 20 dias minhas fezes não são exatamente normais, meus pelos pubianos cairam, minha pele está super ressecada - e ainda achar esse fardo leve. Não é uma visão Polyanna, não é achar que eu não tenho problemas, é saber olhar para eles e ainda haver esperança, é ter a certeza de que tudo está bem.

É isso. Beijocas para vocês.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não consegui escolher um título!

Antes de escrever o post de hoje, uma explicação: a diarreia de segunda-feira e os enjoos de ontem podem ser efeitos mais tardios da quimio, segundo os médicos. Ou seja: comecei a tomar digesam e já estou com minha "pré-receita" de imosec, caso comece a ter problemas deste tipo constantemente. E como a pressão está controlada (com quedas acentuadas eventualmente), até o fim do tratamento do câncer não tomarei mais remédios para a hipertensão. Isto é que é ser tranquila, calma e nada ansiosa. *ironia*

Agora uma novidade engraçadinha: comecei a sentir os efeitos locais da radioterapia tal como calor na região dos países baixos e a queda de meus simpáticos pelos pubianos! uahuahahuah É divertido mas tomei um sustinho ao vê-los indo embora já que os médicos falaram que meu cabelo não cairia - como não caiu! - mas ninguém falou sobre "aqueles cabelos". uahauahuahuahuahua Fora a situação tragi-cômica que é ficar como uma rã, diante do ventilador para abaixar a temperatura lá embaixo. Só para vocês terem uma ideia a temperatura axilar estava 36,8ºC enquanto que a temperatura inguinal estava 38ºC!!! Ou seja, não é brincadeira não! E haja hidratante!

E para finalizar, não sei se já disse mas já tenho a data de quando começarei o 2º ciclo da quimio: dia 24 de janeiro. Como sempre: torçam, orem, rezem... O médico falou que não necessariamente eu terei os mesmos sistomas dessa vez mas, confesso, já estou me preparando para aquele sofrimento com a comida. Inclusive essa semana ainda irei à estomatologista para uma inspeção geral da minha boca para ver se já houve alguns estrago diante da higinene "precariezada" - existe essa palavra?

Bom, é isso. Até breve! Beijocas!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pandinha está de volta!

Eu costumo ficar offline aos fins de semana porque sou "sequestrada" pelo meu marido para o meio do mato. Confesso que no início era só martírio (faltava conforto, sobravam mosquitos!) e eu ia só para acompanhá-lo já que se ele passar mais de 5 dias sem contato com mato, tomates e cebolinhas ele desfalece... Mas de uns tempos para cá, fizemos um acordo e eu até gosto de ir para lá. O acordo é o seguinte: "eu vou para o mato desde que você me paparique". Simples, não? :o) E ele me paparica mesmo... Antes do câncer ele me levava à praia, enchia a piscina intex ou fazia uma comidinha especial. Agora opções ao ar livre são mais reduzidas por conta do sol mas ele sempre arruma alguma coisa legal que funcione como o meu paparico anti-tédio! Até comprar o canal combate lá no mato ele comprou pra gente não ter desculpas que tinha de voltar para ver algum UFC, hahahah!!! E esse fim de semana não foi diferente. Eu me embrenhei lá, na calmaria, dormindo 70% do tempo que passei lá.

Mas esse fim de semana eu não passei bem, não. Desde sexta eu comecei a sentir dores de garganta. Minha mãe chama isso de gargantite - o que os médicos em geral chamam de virose. Cheguei lá no mato já meio indisposta. Comecei a suar frio, sentir calor e frio ao mesmo tempo. Sentei no troninho, não tive diarreia mas passei mal, sabe? Tive febre, sei lá, devo ter tido queda de pressão... Resumindo: passei o fim de semana dormindo, indisposta. Hoje já acordei melhorzinha. Fui para rádio. Quando cheguei à casa da mamãe tive uma diarreia vi-o-len-ta mesmo! Senti tudo que eu senti no sábado. Fiquei deitada, medi a pressão e estava 8X4! Liguei para os médicos, comi sal, comecei a tomar soro caseiro... Agora estou bem. :o)

Conto tudo isso para pedir ajuda de vocês para minha reflexão: será que essa diarreia violenta é só devido à virose/gargantite? Ou será que os danos da rádio ao intestino já começaram? Porque para mim não faz sentido essa reação tão violenta ser da químio ainda - eu parei a quimio há 8 dias! Torcendo para ser somente uma virose oportunista que me sacaneou, hehehe... À propósito, mais tarde tenho consulta com o oncologista.

Beijocas a todos!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A força que vem das pessoas ao meu redor

Eu fico impressionada ao perceber a força que vem dos amigos (virtuais e "presenciais"), da minha família! É certo que a forma como eu coloquei como eu gostaria de ser tratada e expliquei exatamente do que eu precisaria de cada um deles ajudou muito. Já disse, olhar com cara de pena me deprime. E esse olhar não vem, simplesmente não vem porque eles sabem que eu não estou mal, que tenho a tranquilidade para encarar os desígnios divinos, ainda que em um momento ou outro eu fraqueje - o que é normal até para quem tem unha encravada, não é não?

Tem como ficar triste com esse exército de pessoas maravilhosas, de perto e de longe, torcendo, rezando, orando, vibrando por mim?? Um exemplo (dentre várias demonstrações apoio que recebi - sem ciuminhos, amiguinhas, uhauahuah) foi esse e-mail de uma amiga que fiz na faculdade:
Não gosto de ficar falando isso, mas confesso que chorei um bocado lendo seu blog (e choro escrevendo esse e-mail pra vc...).
Choro não por pena, pois como vc mesma escreveu: "câncer não é para os fracos!" e definitivamente a palavra "fraco" passa longe de vc! Choro de orgulho e admiração pela forma com que vc decidiu passar por tudo isso. Sua força me dá forças para passar por todos os meus pormenores (que não se comparam com o que vc está passando, mas que faz com que eu olhe pra mim mesma e veja o quanto sou fraca em muitas coisas!). Estou aprendendo muuuito com vc!

Não me cansarei em dizer que estou aqui pra qualquer coisa que precisar! e que continuo orando diariamente por vc...

Jó 11.16-19 - "Pois te esquecerás dos teus sofrimentos e deles só terás lembrança como de águas que passaram. A tua vida será mais clara que o meio-dia; ainda que lhe haja trevas, serão como a manhã. Sentir-te-ás seguro, porque haverá esperança; olharás em derredor e dormirás tranqüilo. Deitar-te-ás, e ninguém te espantará; e muitos procurarão obter o teu favor."

E eu respondi:

Se você sente vontade de chorar, ok, chore. Mas saiba que nesse momento, não há espaço para tristeza em minha vida: o que mais eu posso querer que tanta gente boa reunida, torcendo por mim? Chore de emoção, não de tristeza...

Acredite, eu não me sinto carregando um fardo muito pesado. Tenho medo da dor mas tenho o conforto divino, da minha crença pouco ortodoxa, que me garante que tudo pelo que estou passando - além de temporário - é passível de superação. E que é minha obrigação espiritual passar por tudo isso. E aceito o fardo, as dores e as alegrias de ser o que sou, como sou e como Deus determinou. :o)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Novos planos de novo: 33 sessões de RT!

Antes de mais nada, agradeço imensamente as declarações de carinho e apoio que venho recebendo. Vocês são lindos e valem ouro! Espero que tenham tido uma ótima passagem de ano. Eu não tive, vocês já sabem... Mas adaptando livremente estes provérbios que existem por aí, não há bem que sempre dure não há mal que não se cure. Feliz 2012!

Hoje, além do curativo diário do cateter e da rádio, voltei à nutricionista e ao radiooncologista.

À nutricionista, falei que não segui nada do que ela disse, já que não tive diarreia. Sabe o que ela me disse? Em resumo: "você fez muito bem, o importante é saber o que seu corpo está pedindo. Você está bem nutrida, apesar da dor não deixou de ter coragem de comer, adaptou bem as consistências e as temperaturas. Ótimo, vejo você em 4 semanas. Se algo acontecer, entre em contato." Não preciso dizer nada, né? uahuahuahau

Já na consulta ao radio... Os planos iniciais, descritos pelo oncologista da químio eram de 25 sessões de rádio, sendo concomitante a quimio nos primeiros e nos últimos 5 dias, certo? Mas quem faz o planejamento da radio é o RADIOoncologista e este me disse que serão, na verdade, 33 sessões (a última deve acontecer em 9 de fevereiro). Ou seja, piorou um pouquinho o plano. E ainda não sei ao certo quando é que começará o segundo ciclo de químio. Preciso marcar uma consulta com esse primeiro médico.

E, só para constar, ainda não senti os efeitos nocivos (nem os benignos, na verdade) na radio. Só muito, muito sono mesmo! Quer dizer, as vezes eu vou ao banheiro em vez de fezes sai um muco e o médico que é normal mesmo. E que o cansaço também é. Todos os dias quando chego da clínica (entre 11h e 14h dependendo dos procedimentos) eu durmo por 3 ou 4 horas. E depois, perto das 22h já estou morrendo de sono de novo. Muita fadiga mesmo. :o/

Já disse para vocês que enquanto estou lá dentro da máquina eu fico conversando com o meus ovários? Falo frases assim: "ovários plumbados", "ovários protegidos", "ovários queridos". Será que estou surtando? Não acredito não, acho que é o meu mantra, a minha meditação...

Por hoje é só. Estou com muuuuuuuuuuuuito sono. Beijocas!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Começando 2012 de um jeitinho diferente

Antes de mais nada:

Feliz 2012, repleto de saúde, paz e boas vibrações para todos nós e o planeta!

Ah gente, foi o pior Reveillon da minha vida. Passei mal horrores. E ainda estava com a bombinha da quimio. Ainda bem que não tenho a superstição de acreditar que o que fazemos na virada faremos o ano todo... Será que passarei 2012 inteirinho lutando contra um câncer, com uma bomba autoinfusora de quimio? E quem tem diarreia fica "cagando" 2012 inteiro? Claro que não, né? hehehe

Quer dizer, não foi péssimo porque, como sempre, boa companhia é tudo. :o) Afinal meus pais estavam aqui em casa comigo e com meu marido. Mas fato é que eu passei muito mal com muuuuita dor na boca e um sono de outro planeta. Às 23h eu pedi licença aos meus muitos convidados (hehehe) e dormi. 15 minutos antes da virada meus pais foram embora e eu sai do sofá da sala para a minha cama. Chatinho, né? Na hora da virada, abracei meu maridinho, agradeci a Deus por tudo o que me aconteceu, por tudo o que tenho e por tudo o que eu sou.

Coisinha chata foi a dor da boca mesmo. Durante a maravilhosa ceia preparada exclusivamenta pelo meu chef de cuisine, quando fui provar a farofa especial fui à lua. Parecia peelling de céu da boca, uhauahuahua, foi f@#&$da! E mais complicado porque eu não perdi o apetite! Os cheiros, os gostos me convidavam mas a minha boca impedia!

É que não tive náuseas nem problemas gastro-intestinais... Só a mucosite e a xerostomia. Mas tá melhorando, especialmente depois da retirada da bombinha. Nem preciso contar que ela não esvaziou no tempo certo. Fui à clínica no sábado pela manhã para retirá-la, a enfermeira olhou, ligou pro médico e ele ordenou que não retirasse. Ou seja, fui lá à toa e tive de voltar no domingo dia 1º para aí sim retirar a bomba! Que beleza, hein?

E para completar a cerejinha do sunday: eu estou desenvolvendo uma reação alérgica ao tegaderme (seja lá como se escreve isso: é o esparadrapo transparente do curativo do cateter). Está feio o troço. Tivemos que mudar o curativo que agora será feito diariamente. Mas também não é problema já que diariamente vou à e
clínica para a radio.

Então assim, ficam outros aprendizados: Deus abre portas quando fecha janelas. Alergia, mucosite, xerostomia, perda de autonomia são minhas janelas fechadas. Convívio intenso com meus pais, temperatura amena, chuva linda, apetite de leão, sem complicações intestinais são as portas abertas. E assim seguimos em frente. :o)