terça-feira, 10 de julho de 2012

Esse blog acabou...

Queridos,

Percebi que, agora, esse blog não me tem trazido mais alegria. Mas sei que ele tem uma função social interessante - eu vejo as pesquisas que trazem visitantes ao blog e sinto que quem faz essas buscas encontra algum tipo de conforto aqui - e, por isso, não o extinguirei completamente.

Foi ótimo o apoio de vocês mas não penso em continuar. As amizades feitas obviamente permanecem.

Um grande beijo no coração de cada leitor.

sexta-feira, 15 de junho de 2012

Que essa euforia não tenha fim enquanto dure

Eu oscilo de humor como quem bebe água. Sei lá o que essa frase quer dizer mais achei uma frase digna. Deve ser porque eu bebo 3 litros de água por dia então viro o copo várias vezes... Cada gole é um novo humor, cada dia é diferente do outro. E, por isso, eu me sinto a pessoa mais volúvel do mundo.

Há um mês eu estava triste e sentindo só as limitações, só os problemas. Hoje eu tenho a sensação que consigo contorná-los bem, muito embora eles não tenham se resolvido todos.

Há uma semana eu estava achando que eu estivesse com reumatismo. Agora, decidi que tenho que correr mesmo e ff@#$#%-se a dor das articulações porque, talvez, seja apenas o frio... Sabe, eu estou cansada de todo mundo sempre saber o que é o certo para mim enquanto eu deixo de lado as minhas próprias impressões a respeito.


Parece que estou querendo viver até a última gota apesar das limitações e dos pedaços e direitos retirados de mim. Resolvi pensar (de novo) que estou viva, sentir-me mais feliz por estar quase 10kg mais magra (ou menos gorda), feliz por estar correndo e recebendo elogios pela linda passada que tenho ao correr - Quem não gosta de ouvir elogios, hein?

Hoje, eu estou bem mais otimista que no último mês. Será que sou bipolar também, hein Marina? Que seja. Então eu quero que essa euforia não tenha fim enquanto dure.

quinta-feira, 7 de junho de 2012

E as novidades?

Eu sei que eu sou uma péssima blogueira. Porque não tem coisa pior para "afundar um blog" que ficar sem escrever por semanas, sem dar notícias, né? Eu assumo minha culpa e peço desculpas. Eu me arrisco, até mesmo, a prometer escrever pelo menos uma vez por semana por aqui. E, agora, vou tentar explicar o que está acontecendo.

Eu entrei aqui várias vezes nesses últimos 15 dias, começava a escrever e depois de certo tempo sem conseguir produzir nada decente, deletava o post. O que acontece é que eu continuo confusa com relação aos meus sentimentos sobre o (fim do) meu câncer, o tratamento e as sequelas. Mesmo depois do fim do tratamento, a montanha-russa de emoções é a mesma. É engraçado que eu não duvido nem por um minuto da minha cura do câncer então não é esse fantasma que me apavora: são as sequelas que me deixam mais estranha.

Bom, mas as notícias que tenho são:

1 - ontem fiz o segundo pet-scan. O primeiro foi antes de iniciar o tratamento e este é só para confirmar que eu estou livre de câncer. Apesar de não ter o resultado oficial, aparentemente tudo desapareceu. Ótimo mas só irei comemorar mesmo depois de pegar o resultado. :o)

2 - voltei no radioterapeuta que me disse, como sempre, que eu estou ótima e coisa e tal. Mas ele disse que esperava as manchas da pelve mais claras. Ele acabou recomendando que eu procurasse um dermatologista para ver a minha pele. Ainda não resolvi isso.

3 - ele também me recomendou uma ginecologista oncológica para me avaliar. CALMA, não tenho um novo câncer. O motivo é que sendo essa a sua especialidade, ela vê sequelas de RT e QT todos os dias e, em tese, estará mais acostumada com sequelas na vagina e colo do útero. Já fui a ela mas o assunto da consulta dá um outro post, aguardem, hehehe.

Bom, é isso. Vou tentar me organizar melhor para não abandonar este instrumento que foi tão importante para mim no momento em que eu mais precisei dele...

Beijocas!

domingo, 13 de maio de 2012

Volta ao trabalho - como foi?

Dia 30 de abril minha licença acabou. Devido ao feriado, retornei ao trabalho no dia seguinte, 02 de maio. Foi bom e estranho ao mesmo tempo.

Foi bom porque depois de passar a manhã inteira na "burocracia" do retorno de um empregado eu fui recepcionada pelos colegas de maneira muito gostosa: teve festinha com "bolo e guaraná", um buquê de rosas, duas orquídeas e dois cartões deliciosos - daqueles para guardar por toda a vida! Foram muitos abraços apertados e algumas lágrimas. São mais e mais motivos para agradecer.

Também foi estranho porque nesses 4 meses eu não estive de férias no Caribe, muito pelo contrário. Mas eu fiquei desacostumada ao ritmo de quem trabalha, estuda e faz atividade físicas: trabalhar, estudar e malhar cansa! Cansa tanto que nesta semana e meia eu peguei um resfriado ou uma gripe ou uma sinusite ou o que for. :o(

Independente disso tudo, o fato é que a vida vai passando e a tendência é que tudo volte ao normal, não é mesmo? Deve haver um nome bonito para isso, uma teoria contemporânea oposta a teoria do caos. Mas as marcas que o câncer deixa são, de certo modo, inesquecíveis. Como se esquecer dele se quando você se olha no espelho você se vê manchada? Ou quando tenta fazer as posturas de yoga (que sempre fez e são bastante simples!) e que agora se tornaram extremamente desafiadoras? Ou, ainda, quando você se sente curada mas mutilada, tolhida e reduzida em sua feminilidade?

Muitos me dizem que tem muito pouco tempo que o tratamento acabou que estou cobrando muito de mim. Não descarto esta hipótese. Para mim, tudo demora a se resolver, são muitas indefinições. Mas a vida segue.

Beijocas.

segunda-feira, 30 de abril de 2012

PândegaPanda está melhor.

Gente querida:

Mais uma vez obrigada. O apoio e as manifestações ajudam muito. Por mais altruísta que se seja, tem momentos que a gente precisa olhar para si e pedir ajuda. Acho que na sexta-feira foi o que me aconteceu - não que eu seja "a" altruísta mas que na sexta eu estivesse mais em condições de receber do que de dar, entendem? Eu precisava de ajuda, de suporte, de forças que sozinha não conseguia encontrar. E vocês, amigos de longe, de perto, conhecidos e desconhecidos foram fundamentais. Mais uma vez obrigada!

Eu já estou melhor. Mais tranquila, passado o choque inicial, e  mais afastada da situação eu consigo raciocinar melhor em cima do que aconteceu, do diagnóstico que recebi, do comportamento do médico...

Perdoem-me se eu for me repetir mas eu já falei que eu costumo "sair" do meu corpo para resolver meus problemas? Acho que nunca falei sobre isso. Vou explicar antes de acharem que faço viagens astrais - o que não faço ou se faço estava muito louca e nunca me lembro de nada, hehehe. Mas essa viagem acontece assim: primeiro eu começo a me imaginar fora do meu corpo, eu me olho de cima, flutuando, voando cada vez mais alto e longe de mim mesma, longe da situação que me angustia. Assim, eu fico fora do problema e isso me dá liberdade para pensar em uma solução para ele. Eu fico mais isenta, penso de maneira mais pausada e moderada, desapaixonada. Penso que o problema não é meu, é daquela PândegaPanda pequenininha, lá embaixo. E eu penso como eu resolveria o problema dela - que não é meu. A gente sempre encontra solução para o problema dos outros, é sempre mais fácil quando não tem as nossas emoções envolvidas, não é mesmo?

Bom, explicado o meu método de resolução de problema - que algum psicanalista identificaria como um transtorno mas que não significaria nada para mim já que eu não suporto Freud e sua pseudociência - eu digo que ao me afastar daquela consulta, daquela notícia, daquela sequela, eu consegui pensar um pouco no como lidar com esses problemas e acabei me sentindo bem melhor.

Decidi (até segunda ordem) não voltar mais nesse oncologista. Oras: se eu tenho medo desse médico por que devo ir novamente a ele? Se o problema em questão não é mais oncológico (é uma sequela do câncer mas não um câncer) por que tratar com um oncologista e não com a minha proctologista? Aliás, eu tenho estenose anal? Ele disse mas eu não tenho os sintomas típicos. Então antes de surtar eu deveria ter me afastado e raciocinar. Por hora eu decidi ir à minha procto e conversar com ela sobre isso. E só. :o)

É isso. Beijocas.

sexta-feira, 27 de abril de 2012

Eu pensei que tivesse acabado...

Eu volto a trabalhar em 5 dias, menos de uma semana. Ou seja, minha licença, meu período para tratar o câncer e me recuperar, em tese, acabou. Da cirurgia (de onde saiu a biópsia) para agora se passaram 6 meses. Eu pensei que agora não fosse haver mais sofrimento. Pensei que não haveria mais dores, principalmente. Mas não é bem assim que as coisas acontecem.

Fui hoje ao oncologista cirúrgico. Ele fez o toque retal. O exame desse médico foi infernal, doeu muito e saiu bastante sangue. E, se não bastasse tudo que me aconteceu, toda a dor dos meus tratamentos agora tem essas sequelas malditas e infernais. A parte boa é que ele verificou que a lesão desapareceu e informou que em casos como o meu há 97 a 98% de chance de o câncer não voltar. Ótima notícia, claro. Porém, tem sempre um porém...

Bom, além da estenose do canal vaginal, da fibrose do colo do útero, da diminuição da função ovariana e de outras sequelinhas menores, eu fiquei com uma estenose do ânus. Caramba, eu não sou tão forte assim, Deus. Se não bastasse tudo que já me aconteceu, toda a dor dos meus tratamentos agora tem essas sequelas malditas e infernais. Eu já estou me sentindo a última das mulheres, seca e infértil, com cabelo ralo, manchas horrorosas na pele, ainda tem os tratamentos dessas sequelas que me são dolorosos e humilhantes.

As vezes eu tenho vontade de desistir e de nunca mais voltar nos médicos.

domingo, 15 de abril de 2012

Disfunções sexuais e câncer

Vocês sabiam que a radioterapia pode causar, como sequela ou efeito colateral, algum tipo de disfunção sexual? É bem verdade que eu não achei nada referente ao meu tipo de câncer mas como a radiação acontece no mesmo lugar (pelve) eu fui ler a respeito da RT em câncer de ovário, colo do útero e próstata. Um desses trabalhos que li está disponível no http://www.scielo.br/ .

Bom, eu descobri a minha disfunção meio na marra... Depois de receber o "OK" do meu radioterapeuta, eu parti para a brincadeira propriamente dita e simplesmente não consegui. O pênis não entrava, sentia dores terríveis. Eu chorei, meu marido chorou e foi horrível, não dá vontade nem de tentar de novo!

Aí começaram meus problemas. E eu vou dividi-los com vocês, mais uma vez, passando por cima da minha vergonha com o intuito de ajudar alguém que esteja passando pelo mesmo problema e que, assim como eu, não tenha sido orientada a respeito. Até porque minha impressão não foi boa com relação a várias orientações que recebi mas principalmente sobre as que não recebi. Eu pensei que fossem me tratar do câncer mas todos parecem exclusivamente preocupados em tratar o câncer...

Pois bem, desde o início de março eu fiquei encucada com esse negócio de não conseguir transar. Todo mundo me dizia que era algo da minha cabeça, medo de sentir dor, baixa libido... Até que conversei com uma amiga que além de me recomendar tentar usar Dersani como lubrificante, recomendou que eu fosse a um ginecologista. E essa consulta aconteceu sexta-feira passada, 13 de abril.

O problema não era da minha cabeça. Além de o meu canal vaginal ainda estar inflamado, estar sem lubrificação (que não deve voltar), formou-se um anel fibrótico no meu colo uterino e, ainda, aconteceu um estreitamento do final do canal vaginal, tudo provavelmente como sequela da radioterapia.

A sensação que tive quando ela disse qual era o motivo desse desconforto ao sexo foi um misto de alívio e desânimo. Alívio por saber que a dor e o incômodo que eu sentia não eram causados por medo, não eram "inventados" por minha cabeça - há, de fato, uma limitação física que "encurtou" a minha vagina. E desânimo porque há uma limitação física...

E qual é o tratamento, então?

  • Primeiro, manter a vagina lubrificada MESMO que não vá fazer sexo colocando KY ou dersani para manter a mucosa lubrificada/hidratada.
  • Segundo, massagear esse anel fibrótico ou com o dedo ou com um dildo, sem provocar dor, tentando "amaciar" a fibrose e dilatar a vagina.
  • E, acreditem, o terceiro tratamento, é fazer sexo. :oP Mas como a ginecologista disse, nesse momento meu marido precisa ser um companheirão (sem trocadilhos, por favor) para fazer com delicadeza, forçando sem causar dor. E se em 6 meses (isso tudo!?!?!) a dilatação não for satisfatória, existe ainda possibilidade de fazer uma cirurgia.

Agora eu pergunto: por que meus médicos não me mandaram ir ao ginecologista para uma avaliação já que esse tipo de sequela/problema é comum em radioterapia da região pélvica?

Bom, pelo menos a minha amiga, médica e paciente de câncer de mama, Dra. Marina, mandou que eu fosse. E ir foi a melhor coisa que eu fiz: ainda que ir não tenha resolvido o problema pelo menos eu já sei que estou no caminho e orientada para isso.

Beijocas a todas!