terça-feira, 31 de janeiro de 2012

2º ciclo de químio... E um desabafo.

Hoje coloquei novamente a bombinha da quimio e ficarei com ela até sábado (ou domingo, depende de quando ela acabar). É o 2º e último ciclo da químo. Tudo correu sem maiores problemas. Foi menos difícil do que eu imaginava. Quero dizer, a colocação... Mas ainda não sei se vai doer, se minha boca vai explodir, se, se, se, mas o ato de recolocar a bombinha não foi tão traumático assim. Foi (e é) só chato. O braço está um bocado mais limitado (vou tomar banho de de gato?) mas dor mesmo só nas virilhas e no cofrinho... hehehe. Estou rindo como uma hiena. Como sempre e até dessa frase ridícula. :o)

Agora é só esperar pelos milagres improváveis novamente: dessa vez meu milagre é para que eu não sinta mais dores do que já estou sentindo, que minha boca não "exploda" como da última vez porque agora eu já sinto dor o suficiente na pelve. Dói muito, toda a região está descascando, está difícil andar, deitar, virar na cama, levantar, ir ao banheiro, até para ficar parada dói. Fora o calor desproporcional que sinto em relação a temperatura ambiente. Efeitos colaterais são assim mesmo.

Nesta quinta-feira farei a perícia no INSS para entrar oficialmente em auxílio-doença. E por falar nisso, queria dividir com vocês uma indignação que me acometeu por estes dias. Não sei se já disse, sou empregada pública e tenho direito constitucional a receber um "pichulé" dos lucros da empresa, a chamada PLR - Participação nos Lucros e Resultados. Mas o como, o quanto, o quem deve receber, e todos os detalhes a respeito disso devem constar de um acordo entre empresa e empregados, votado em assembleia legítima convocada para esse fim.

E essa semana foi aprovado na empresa em que trabalho o acordo de PLR 2011. Vocês ACREDITAM que há uma cláusula que prevê descontos no pagamento da PLR aos empregados afastados inclusive por acidente e para os em auxílio-doença??? Mesmo alertados os colegas da existência desta cláusula (que, PASMEM, esteve lá em acordos anteriores, mostrando que ninguém nunca lê todas as cláusulas do acordo com a devida atenção - ALÔ colegas da Faculdade de DIREITO!!!) mais uma vez o acordo foi aprovado imediatamente com esta cláusula absurda e anti isonômica devido a um motivo simples: medo de atrasar o pagamento caso a 1ª proposta da empresa fosse negada.

Será que o empregado em tratamento de saúde desejou ou causou a doença para ficar afastado? Ou, ainda, que os acidentados o são voluntariamente? Esses empregados são duplamente penalizados! Embora pareça que eles ficam em casa sem fazer nada, eles não ficam!!! Eles têm aumentos em seus gastos de maneira absurda: idas e vindas a médicos, tratamentos, medicamentos, exames não cobertos pelo plano de saúde, refeições em casa não custeadas pela empresa (lembrem-se que o vale alimentação também lhes é cortado posto que sua finalidade é alimentar o trabalhador, não o afastado!), e por aí vai. E ainda tem colega que diz que o "฿@ஜ☪◎ é uma mãe". Só se viramos todos uns filhos da puta. Perdão pelo desabafo e mau-humor.

Beijocas.

PS esclarecimento: esse ano, relativo à PLR 2011 não serei prejudicada. Comecei meu afastamento em 2012. Mas na de PLR 2012, paga em 2013, caso venha a sofrer descontos, seguramente ajuízarei minha demanda no TRT. E recomendo aos colegas que agora estejam nesta situação de discriminação que o façam desde já!

domingo, 29 de janeiro de 2012

(Ainda...) Faltam duas semanas de radio

Meu tratamento de radio tem previsão de durar 7 semanas. Terminei a 5º semana.

Eu sei que falta muito menos do que faltava; sei que se estivesse fazendo o mesmo tratamento em outro aparelho, em outra clínica, as sequelas e efeitos colaterais seriam ainda mais devastadores do que já são; sei que tenho uma legião de pessoas boas ao meu lado e torcendo por mim. E mesmo assim isso tudo dói muito. Tem horas que eu simplesmente me acabo de chorar.

Acho que os efeitos de 5 semanas de radioterapia são como se eu tivesse ido à praia, sol de verão, 40º C por 5 semanas consecutivas (sem contar os efeitos nocivos internos - a possibilidade de ter danificado os ovários, útero, intestinos e tudo o mais que existe por ali). Toda a região pélvica está escurecida, meio marron-arroxeada como se eu tivesse torrado ao sol só essa região. E agora tudo está descascando. E quando eu digo tudo é tudo mesmo!!! E além disso, há feridas abertas nas duas virilhas e no "rêgo" (perdão da palavra mas eu não sei mesmo o nome correto dessa região). Eu não uso papel higiênico há tempos, só duchinha e lencinhos umedecidos (e abençoados) da Pampers. É dor o tempo todo: para deitar, para levantar, para me virar na cama, para andar, para sentar... Colocar uma calcinha agora é um martírio já que tudo está descascando e não tem pele 100% saudável em lugar nenhum!


A cada dia que passa parece que vai tudo ficando pior, o que, obviamente, não é possível ser verdade. Mas a dor vai se tornando cada vez maior. O tédio, as limitações, a aparência horrorosa da minha pelve estão só piorando. E para coroar essa sensação terrível que me assola, na terça-feira recoloco a bombinha da químio.

É melhor eu nem começar a falar da químio. Estou com medo, de sentir mais dor ainda. Vou parar por aqui e fazer uma meditação para me ajudar a ter mais força para seguir em frente.

Beijocas.

quarta-feira, 25 de janeiro de 2012

E as metas para 2012?

Eu, confesso, não tenho uma memória boa para muitas coisas. Na verdade não é uma questão de ter ou não boa memória, é a questão do quanto de atenção você dispensa para uma coisa ou outra. Bom, nesse momento não importa saber o que é ter memória ou atenção seletiva. Este post é sobre elaboração de metas e mudança nos planos...

Eu sei é que quando o assunto é metas eu sempre me esqueço do que planejei para mim mesma, quer seja para curto, médio ou longo prazo. E eu acho que isso não é exatamente uma qualidade minha, sabe? Eu simplesmente me esqueço delas, logo não consigo saber se entou no caminho certo para atingi-las ou não e isso definitivamente não é bom. Ter metas e não se lembrar delas é um pouco como não ter metas e "deixar a vida me levar".

Bom, do que me lembro é que como meta de longo prazo, no fim de 2010/ início de 2011, eu estabeleci que iria me formar na faculdade de Direito no tempo previsto (5 anos - o que significa estar formada no segundo semestre de 2014) e que para antigir esta meta, em todos os semestres eu faria todas as matérias previstas para cada período e ainda mais uma ou duas eletivas e me esforçaria ao máximo para passar em todas as matéria, exigindo apenas média 7 de mim mesma. Até o momento, consegui manter este compromisso comigo mesma e no primeiro semestre de 2012 reforço minha meta: puxarei todas as matérias do 5º período e uma eletiva.

Mas e as metas de curto e médio prazo? Não faço a menor ideia! Vocês acreditam nisso? Como uma humana promete algo a si mesma, estabelece uma meta e perde completamente o rumo a tal ponto de não se lembrar qual foi a promessa que fez a si mesma??? Bom, não lembro.


O problema é que agora não consigo visualizar metas para mim. Só consigo pensar em coisas relativas a esse câncer: curar do câncer, ser feliz por que tive um câncer, viver melhor porque tive um câncer... Aí fica difícil, né, muito sensibilizada. Tudo ganha uma aura do tipo "aproveite porque de repente pode vir um câncer e mudar seus planos". Porque foi exatamente isso que aconteceu. Nunca em tempo algum, ainda que não me lembre exatamente das minhas metas, eu imaginei ficar esse tempo que estou e ainda ficarei de licença. Tudo sempre envolveu conciliar várias tarefas: trabalhar, ser esposa, ir à academia, ser feliz, me formar, ser mais magra, viver bem, ser mais saudável... Agora tenho tempo e não posso realizar nenhuma meta porque tenho sono, tenho dor, tenho um câncer.

Sei que com ou sem câncer eu posso fazer planos e eles serem drasticamente alterados pelas circustâncias sobre as quais não temos ingerência. Mas nesse momento eu me sinto incapaz, está difícil fazer planos e metas porque sinto como se estivesse na areia movediça. É como se todos os planos dependessem do desenrolar desse câncer.

Então, por agora, estou sem neuras, com apenas uma meta: passar por tudo isso da melhor maneira possível, sem exigir o inexigível, curtindo cada momento bom da minha vida e ao final disso tudo estar curada desse câncer. E aí, lá no final, começar meu 2012 de verdade, fazer minhas metas. Enquanto isso minha meta é só viver. E bem.

Beijocas,

domingo, 22 de janeiro de 2012

Que calor é esse?

Que calor é esse? Ter um câncer nunca será como férias paradisíacas no Caribe, certo? Mas ter um cateter no braço e ver o esparadrapo e o tegaderme descolando da pele devido ao suor E ainda ter a virilha em carne viva NO VERÃO faz tudo parecer pior.

Como disse a Marina em um comentário: viva aos avanços farmacêuticos! Pelo menos amenizam a minha dor já que eles não amenizam o meu calor! E essa rima infame amenizou meu mau-humor! uahuahuahauhau

sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Cheguei à 19º sessão de RT

É, amiguinhos... as coisas estão ficando cada vez mais complicadas. Mas tentarei escrever com muito otimismo diante disso tudo, prometo.

Hoje completei a 4º semana de tratamento e cheguei à 19º sessão da radioterapia. Finalmente, depois de todos os incômodos que apareceram nesse tempo, eu comecei a sentir dor. A parte mais vulnerável, a minha virilha, não aguentou e abriu um ferida e Dr.IM, o santo médico radioterapeuta, decidiu que era o momento de iniciarmos os analgésicos. Não é nada de outro mundo, é um remedinho controlado para dor e outro para dormir, pomadinha de xilocaína e um outro cicatrizante para aplicar no local. Já iniciei o uso e confesso que reduziu um pouco a dor mas a xilocaína ainda é o melhor, hehehe. Alívio temporário, total e imediato!

É curioso que eu continuo me sentindo feliz mas a dor, mais do que o cabelo cair, tira o ânimo, sabe. Já há uns dias consegui parar de chorar no box ao ver o cabelo cair. E, inclusive, acho que já está começando a cair menos. Porém, quando um problema acaba, começa outro... Dor, definitivamente, é muito pior do que cabelo caindo. A virilha está completamente aberta, é como se fosse um corte de 0,5 por 4 cm longitudinalmente em carne viva. Dói e ponto final.

A notícia boa é que a químio será atrasada em uma semana! :o) Ou seja, em vez de dia 24 de janeiro, será iniciada em 31 de janeiro.

É isso. Força, determinação, analgésicos e anestésicos para continuar rindo e curtindo a vida!

terça-feira, 17 de janeiro de 2012

Cabelo caindo e dente quebrado - pode isso Arnaldo?

Não tenho muitas novidades. Quer dizer, mais ou menos. Só que meu cabelo começou a cair. O médico insiste em dizer que não ficarei careca e me pego a essas palavras de maneira intensa, como se meu pensamento pudesse segurar meu cabelos em minha cabeça... Mas eles estão caindo. E muito. Cada banho é uma tristeza. É inexplicável, vem uma vontade de chorar muito forte - e eu me permito chorar nessas horas, mesmo sabendo que ainda que eu venha a ficar careca seria temporário. E eu não vou ficar careca. Mesmo assim a tristeza vem e eu choro. Ontem até decidi cortar o cabelo para ver se ele fica mais leve, mais bonito. A cabeleireira me disse que "não tá caindo quase nada". Posto aqui a foto do meu box e você me diz se isso é pouca queda de cabelo ou não. Em TODAS as lavagens de cabelo cai isso tudo, desde pelo menos quinta-feira passada (e eu lavo a cabeça todos os dias).





Ah, como todo castigo para corno é pouco, eu quebrei um dente. E hoje fui ao dentista e terei de voltar amanhã. É a vida. Certo que o dentista é ótimo - meu pai, hehehe - mas ainda assim é um saco. Ele consertou o dente quebrado mas amanhã faremos uma bela limpeza, antes mesmo de começar o 2º ciclo da químio já que ela tem potencial para "explodir" a minha boca e as condições de higiene da minha boca ainda podem piorar. Eu estou com vergonha! Eu passo o fio dental, escovo (com a mão esquerda, mas escovo!), bochecho com flúor e mesmo assim estou ficando com placas bacterianas. :o(

O resto está tudo igual: estou levando isso tudo bem  (é o que eu acho: diante disso tudo, até que estou bem) mas tenho alguns momentos de cansaço, de tristeza e até mesmo de dor. Inevitável. Mas vai passar, eu tenho certeza. É isso. Embora as notícias não sejam exatamente boas, também não são ruins.

Beijocas.

sábado, 14 de janeiro de 2012

Desconforto e pausa para reflexão

Eu quase chamei esse post de "Desconforto e insônia" mas acho que essa palavra insônia não combina comigo. E, além disso, eu não acredito que eu esteja necessariamente com insônia: hoje, e apenas hoje, o desconforto que estou sentindo "lá embaixo" está atrapalhando a minha tranquilidade para dormir. Por isso mudei para "... e pausa para reflexão" porque é o que está acontecendo agora: já que não durmo aproveito para refletir.

Hoje pela manhã lá na clínica, falei para meu médico uma coisa que me dá um pouco de medo. Eu disse para ele que diante do cenário que me foi apresentado no início disso tudo eu até estava achando que o fardo não estava tão pesado assim. Ele disse com uma carinha ótima umas três vezes "que bom, graças a Deus" e repisou que o meu plano de tratamento tinha ficado excelente.

Sabe porque que falar isso me dá medo? É que Deus pode escutar e me mandar mais provações. Fora que eu ainda não cheguei à metade do meu tratamento e, então, é óbvio que tudo pode piorar muito. Tenho medo, um receio de estar feliz e levando tudo isso relativamente bem e daqui a pouco tudo piorar e eu me descabelar...

Por outro lado, lembro me da minha terapeuta falando sobre as possibilidades diante de uma espera de um fato aleatório. O fato aleatório pode ser bom ou ruim e isso independe da sua espera. Logo, você só pode escolher como passará o período de espera por esse fato mas não tem ingerência sobre o fato em si. Se tiver sido uma espera ansiosa (ruim) e o fato for ruim: péssimo para você que passou muito mais tempo "ruim" do que precisava - afinal você poderia de ficado mal somente diante do fato ruim! Por outro lado, você passou muito bem pela espera e do mesmo jeito aconteceu um fato ruim, ponto para você que só se alterou - se é que se alterou! - diante do fato ruim... Mas se, ao contrário, o fato no final foi bom? Se você se descabelou por um tempão, todo esse estresse foi por nada pois no final tudo deu certo! Melhor de tudo é aguardar bem e tranquilamente e ainda no final a sorte lhe trazer um fato bom... Eu acho esse raciocínio FAN-TÁS-TI-CO.

Então voltando ao meu caso concreto. Pensar nessas "possibilidades" me ajuda a diminuir o medo de falar que o fardo não está tão pesado - porque hoje a sensação é essa, é de que poderia ser muito pior, é de que devo agradecer por tudo estar dando tão certo, por meu médico ter feito um planejamento excelente, por eu ter tantos amigos ajudando, por meus pais terem saúde e poderem me ajudar nesse momento, por meu pai poder me levar diariamente à clínica, por minha mãe poder cuidar de mim pelo que não posso fazer por mim mesma, por meu plano de saúde cobrir todo o meu tratamento...

É olhar para tudo isso que eu estou sentindo/passando/tendo, de cima para baixo: meu cabelo está caindo, minha boca "explodiu", eu quebrei um dente, meu rosto ficou manchado, apareceu um pontinho de herpes no meio do meu peito, eu enjoo muitas vezes depois de comer, minha pele da pelve está mudando de cor, "meus países baixos" estão pegando fogo e coçando, há 20 dias minhas fezes não são exatamente normais, meus pelos pubianos cairam, minha pele está super ressecada - e ainda achar esse fardo leve. Não é uma visão Polyanna, não é achar que eu não tenho problemas, é saber olhar para eles e ainda haver esperança, é ter a certeza de que tudo está bem.

É isso. Beijocas para vocês.

quarta-feira, 11 de janeiro de 2012

Não consegui escolher um título!

Antes de escrever o post de hoje, uma explicação: a diarreia de segunda-feira e os enjoos de ontem podem ser efeitos mais tardios da quimio, segundo os médicos. Ou seja: comecei a tomar digesam e já estou com minha "pré-receita" de imosec, caso comece a ter problemas deste tipo constantemente. E como a pressão está controlada (com quedas acentuadas eventualmente), até o fim do tratamento do câncer não tomarei mais remédios para a hipertensão. Isto é que é ser tranquila, calma e nada ansiosa. *ironia*

Agora uma novidade engraçadinha: comecei a sentir os efeitos locais da radioterapia tal como calor na região dos países baixos e a queda de meus simpáticos pelos pubianos! uahuahahuah É divertido mas tomei um sustinho ao vê-los indo embora já que os médicos falaram que meu cabelo não cairia - como não caiu! - mas ninguém falou sobre "aqueles cabelos". uahauahuahuahuahua Fora a situação tragi-cômica que é ficar como uma rã, diante do ventilador para abaixar a temperatura lá embaixo. Só para vocês terem uma ideia a temperatura axilar estava 36,8ºC enquanto que a temperatura inguinal estava 38ºC!!! Ou seja, não é brincadeira não! E haja hidratante!

E para finalizar, não sei se já disse mas já tenho a data de quando começarei o 2º ciclo da quimio: dia 24 de janeiro. Como sempre: torçam, orem, rezem... O médico falou que não necessariamente eu terei os mesmos sistomas dessa vez mas, confesso, já estou me preparando para aquele sofrimento com a comida. Inclusive essa semana ainda irei à estomatologista para uma inspeção geral da minha boca para ver se já houve alguns estrago diante da higinene "precariezada" - existe essa palavra?

Bom, é isso. Até breve! Beijocas!

segunda-feira, 9 de janeiro de 2012

Pandinha está de volta!

Eu costumo ficar offline aos fins de semana porque sou "sequestrada" pelo meu marido para o meio do mato. Confesso que no início era só martírio (faltava conforto, sobravam mosquitos!) e eu ia só para acompanhá-lo já que se ele passar mais de 5 dias sem contato com mato, tomates e cebolinhas ele desfalece... Mas de uns tempos para cá, fizemos um acordo e eu até gosto de ir para lá. O acordo é o seguinte: "eu vou para o mato desde que você me paparique". Simples, não? :o) E ele me paparica mesmo... Antes do câncer ele me levava à praia, enchia a piscina intex ou fazia uma comidinha especial. Agora opções ao ar livre são mais reduzidas por conta do sol mas ele sempre arruma alguma coisa legal que funcione como o meu paparico anti-tédio! Até comprar o canal combate lá no mato ele comprou pra gente não ter desculpas que tinha de voltar para ver algum UFC, hahahah!!! E esse fim de semana não foi diferente. Eu me embrenhei lá, na calmaria, dormindo 70% do tempo que passei lá.

Mas esse fim de semana eu não passei bem, não. Desde sexta eu comecei a sentir dores de garganta. Minha mãe chama isso de gargantite - o que os médicos em geral chamam de virose. Cheguei lá no mato já meio indisposta. Comecei a suar frio, sentir calor e frio ao mesmo tempo. Sentei no troninho, não tive diarreia mas passei mal, sabe? Tive febre, sei lá, devo ter tido queda de pressão... Resumindo: passei o fim de semana dormindo, indisposta. Hoje já acordei melhorzinha. Fui para rádio. Quando cheguei à casa da mamãe tive uma diarreia vi-o-len-ta mesmo! Senti tudo que eu senti no sábado. Fiquei deitada, medi a pressão e estava 8X4! Liguei para os médicos, comi sal, comecei a tomar soro caseiro... Agora estou bem. :o)

Conto tudo isso para pedir ajuda de vocês para minha reflexão: será que essa diarreia violenta é só devido à virose/gargantite? Ou será que os danos da rádio ao intestino já começaram? Porque para mim não faz sentido essa reação tão violenta ser da químio ainda - eu parei a quimio há 8 dias! Torcendo para ser somente uma virose oportunista que me sacaneou, hehehe... À propósito, mais tarde tenho consulta com o oncologista.

Beijocas a todos!

quinta-feira, 5 de janeiro de 2012

A força que vem das pessoas ao meu redor

Eu fico impressionada ao perceber a força que vem dos amigos (virtuais e "presenciais"), da minha família! É certo que a forma como eu coloquei como eu gostaria de ser tratada e expliquei exatamente do que eu precisaria de cada um deles ajudou muito. Já disse, olhar com cara de pena me deprime. E esse olhar não vem, simplesmente não vem porque eles sabem que eu não estou mal, que tenho a tranquilidade para encarar os desígnios divinos, ainda que em um momento ou outro eu fraqueje - o que é normal até para quem tem unha encravada, não é não?

Tem como ficar triste com esse exército de pessoas maravilhosas, de perto e de longe, torcendo, rezando, orando, vibrando por mim?? Um exemplo (dentre várias demonstrações apoio que recebi - sem ciuminhos, amiguinhas, uhauahuah) foi esse e-mail de uma amiga que fiz na faculdade:
Não gosto de ficar falando isso, mas confesso que chorei um bocado lendo seu blog (e choro escrevendo esse e-mail pra vc...).
Choro não por pena, pois como vc mesma escreveu: "câncer não é para os fracos!" e definitivamente a palavra "fraco" passa longe de vc! Choro de orgulho e admiração pela forma com que vc decidiu passar por tudo isso. Sua força me dá forças para passar por todos os meus pormenores (que não se comparam com o que vc está passando, mas que faz com que eu olhe pra mim mesma e veja o quanto sou fraca em muitas coisas!). Estou aprendendo muuuito com vc!

Não me cansarei em dizer que estou aqui pra qualquer coisa que precisar! e que continuo orando diariamente por vc...

Jó 11.16-19 - "Pois te esquecerás dos teus sofrimentos e deles só terás lembrança como de águas que passaram. A tua vida será mais clara que o meio-dia; ainda que lhe haja trevas, serão como a manhã. Sentir-te-ás seguro, porque haverá esperança; olharás em derredor e dormirás tranqüilo. Deitar-te-ás, e ninguém te espantará; e muitos procurarão obter o teu favor."

E eu respondi:

Se você sente vontade de chorar, ok, chore. Mas saiba que nesse momento, não há espaço para tristeza em minha vida: o que mais eu posso querer que tanta gente boa reunida, torcendo por mim? Chore de emoção, não de tristeza...

Acredite, eu não me sinto carregando um fardo muito pesado. Tenho medo da dor mas tenho o conforto divino, da minha crença pouco ortodoxa, que me garante que tudo pelo que estou passando - além de temporário - é passível de superação. E que é minha obrigação espiritual passar por tudo isso. E aceito o fardo, as dores e as alegrias de ser o que sou, como sou e como Deus determinou. :o)

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Novos planos de novo: 33 sessões de RT!

Antes de mais nada, agradeço imensamente as declarações de carinho e apoio que venho recebendo. Vocês são lindos e valem ouro! Espero que tenham tido uma ótima passagem de ano. Eu não tive, vocês já sabem... Mas adaptando livremente estes provérbios que existem por aí, não há bem que sempre dure não há mal que não se cure. Feliz 2012!

Hoje, além do curativo diário do cateter e da rádio, voltei à nutricionista e ao radiooncologista.

À nutricionista, falei que não segui nada do que ela disse, já que não tive diarreia. Sabe o que ela me disse? Em resumo: "você fez muito bem, o importante é saber o que seu corpo está pedindo. Você está bem nutrida, apesar da dor não deixou de ter coragem de comer, adaptou bem as consistências e as temperaturas. Ótimo, vejo você em 4 semanas. Se algo acontecer, entre em contato." Não preciso dizer nada, né? uahuahuahau

Já na consulta ao radio... Os planos iniciais, descritos pelo oncologista da químio eram de 25 sessões de rádio, sendo concomitante a quimio nos primeiros e nos últimos 5 dias, certo? Mas quem faz o planejamento da radio é o RADIOoncologista e este me disse que serão, na verdade, 33 sessões (a última deve acontecer em 9 de fevereiro). Ou seja, piorou um pouquinho o plano. E ainda não sei ao certo quando é que começará o segundo ciclo de químio. Preciso marcar uma consulta com esse primeiro médico.

E, só para constar, ainda não senti os efeitos nocivos (nem os benignos, na verdade) na radio. Só muito, muito sono mesmo! Quer dizer, as vezes eu vou ao banheiro em vez de fezes sai um muco e o médico que é normal mesmo. E que o cansaço também é. Todos os dias quando chego da clínica (entre 11h e 14h dependendo dos procedimentos) eu durmo por 3 ou 4 horas. E depois, perto das 22h já estou morrendo de sono de novo. Muita fadiga mesmo. :o/

Já disse para vocês que enquanto estou lá dentro da máquina eu fico conversando com o meus ovários? Falo frases assim: "ovários plumbados", "ovários protegidos", "ovários queridos". Será que estou surtando? Não acredito não, acho que é o meu mantra, a minha meditação...

Por hoje é só. Estou com muuuuuuuuuuuuito sono. Beijocas!

segunda-feira, 2 de janeiro de 2012

Começando 2012 de um jeitinho diferente

Antes de mais nada:

Feliz 2012, repleto de saúde, paz e boas vibrações para todos nós e o planeta!

Ah gente, foi o pior Reveillon da minha vida. Passei mal horrores. E ainda estava com a bombinha da quimio. Ainda bem que não tenho a superstição de acreditar que o que fazemos na virada faremos o ano todo... Será que passarei 2012 inteirinho lutando contra um câncer, com uma bomba autoinfusora de quimio? E quem tem diarreia fica "cagando" 2012 inteiro? Claro que não, né? hehehe

Quer dizer, não foi péssimo porque, como sempre, boa companhia é tudo. :o) Afinal meus pais estavam aqui em casa comigo e com meu marido. Mas fato é que eu passei muito mal com muuuuita dor na boca e um sono de outro planeta. Às 23h eu pedi licença aos meus muitos convidados (hehehe) e dormi. 15 minutos antes da virada meus pais foram embora e eu sai do sofá da sala para a minha cama. Chatinho, né? Na hora da virada, abracei meu maridinho, agradeci a Deus por tudo o que me aconteceu, por tudo o que tenho e por tudo o que eu sou.

Coisinha chata foi a dor da boca mesmo. Durante a maravilhosa ceia preparada exclusivamenta pelo meu chef de cuisine, quando fui provar a farofa especial fui à lua. Parecia peelling de céu da boca, uhauahuahua, foi f@#&$da! E mais complicado porque eu não perdi o apetite! Os cheiros, os gostos me convidavam mas a minha boca impedia!

É que não tive náuseas nem problemas gastro-intestinais... Só a mucosite e a xerostomia. Mas tá melhorando, especialmente depois da retirada da bombinha. Nem preciso contar que ela não esvaziou no tempo certo. Fui à clínica no sábado pela manhã para retirá-la, a enfermeira olhou, ligou pro médico e ele ordenou que não retirasse. Ou seja, fui lá à toa e tive de voltar no domingo dia 1º para aí sim retirar a bomba! Que beleza, hein?

E para completar a cerejinha do sunday: eu estou desenvolvendo uma reação alérgica ao tegaderme (seja lá como se escreve isso: é o esparadrapo transparente do curativo do cateter). Está feio o troço. Tivemos que mudar o curativo que agora será feito diariamente. Mas também não é problema já que diariamente vou à e
clínica para a radio.

Então assim, ficam outros aprendizados: Deus abre portas quando fecha janelas. Alergia, mucosite, xerostomia, perda de autonomia são minhas janelas fechadas. Convívio intenso com meus pais, temperatura amena, chuva linda, apetite de leão, sem complicações intestinais são as portas abertas. E assim seguimos em frente. :o)