domingo, 15 de abril de 2012

Disfunções sexuais e câncer

Vocês sabiam que a radioterapia pode causar, como sequela ou efeito colateral, algum tipo de disfunção sexual? É bem verdade que eu não achei nada referente ao meu tipo de câncer mas como a radiação acontece no mesmo lugar (pelve) eu fui ler a respeito da RT em câncer de ovário, colo do útero e próstata. Um desses trabalhos que li está disponível no http://www.scielo.br/ .

Bom, eu descobri a minha disfunção meio na marra... Depois de receber o "OK" do meu radioterapeuta, eu parti para a brincadeira propriamente dita e simplesmente não consegui. O pênis não entrava, sentia dores terríveis. Eu chorei, meu marido chorou e foi horrível, não dá vontade nem de tentar de novo!

Aí começaram meus problemas. E eu vou dividi-los com vocês, mais uma vez, passando por cima da minha vergonha com o intuito de ajudar alguém que esteja passando pelo mesmo problema e que, assim como eu, não tenha sido orientada a respeito. Até porque minha impressão não foi boa com relação a várias orientações que recebi mas principalmente sobre as que não recebi. Eu pensei que fossem me tratar do câncer mas todos parecem exclusivamente preocupados em tratar o câncer...

Pois bem, desde o início de março eu fiquei encucada com esse negócio de não conseguir transar. Todo mundo me dizia que era algo da minha cabeça, medo de sentir dor, baixa libido... Até que conversei com uma amiga que além de me recomendar tentar usar Dersani como lubrificante, recomendou que eu fosse a um ginecologista. E essa consulta aconteceu sexta-feira passada, 13 de abril.

O problema não era da minha cabeça. Além de o meu canal vaginal ainda estar inflamado, estar sem lubrificação (que não deve voltar), formou-se um anel fibrótico no meu colo uterino e, ainda, aconteceu um estreitamento do final do canal vaginal, tudo provavelmente como sequela da radioterapia.

A sensação que tive quando ela disse qual era o motivo desse desconforto ao sexo foi um misto de alívio e desânimo. Alívio por saber que a dor e o incômodo que eu sentia não eram causados por medo, não eram "inventados" por minha cabeça - há, de fato, uma limitação física que "encurtou" a minha vagina. E desânimo porque há uma limitação física...

E qual é o tratamento, então?

  • Primeiro, manter a vagina lubrificada MESMO que não vá fazer sexo colocando KY ou dersani para manter a mucosa lubrificada/hidratada.
  • Segundo, massagear esse anel fibrótico ou com o dedo ou com um dildo, sem provocar dor, tentando "amaciar" a fibrose e dilatar a vagina.
  • E, acreditem, o terceiro tratamento, é fazer sexo. :oP Mas como a ginecologista disse, nesse momento meu marido precisa ser um companheirão (sem trocadilhos, por favor) para fazer com delicadeza, forçando sem causar dor. E se em 6 meses (isso tudo!?!?!) a dilatação não for satisfatória, existe ainda possibilidade de fazer uma cirurgia.

Agora eu pergunto: por que meus médicos não me mandaram ir ao ginecologista para uma avaliação já que esse tipo de sequela/problema é comum em radioterapia da região pélvica?

Bom, pelo menos a minha amiga, médica e paciente de câncer de mama, Dra. Marina, mandou que eu fosse. E ir foi a melhor coisa que eu fiz: ainda que ir não tenha resolvido o problema pelo menos eu já sei que estou no caminho e orientada para isso.

Beijocas a todas!

5 comentários:

  1. Oie! Que bom que você conseguiu marcar o(a) gineco e ver que o problema existe, mas que tem solução... Depois que a gente tem câncer parece que quase tudo vem da nossa cabeça e não é bem assim, né? Culpam nosso medo, nossa ansiedade, blablabla... A frase que você falou que parecem que estão tratando o câncer e não o paciente com câncer resume bem o que acontece em geral com alguns médicos em relação a seus pacientes... Sorte que existem muitos que não pensam assim! E a gente tem que ir atrás deles! Minha mastologista (sempre falo dela, né?) é dessas super médicas! E ela quem me orientou sobre tuuudo que poderia acontecer... Agora é isso: treinar, ter paciência e tuuuudo se acertará!!! Muuuitos beijos!

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  2. Oi,

    tudo bem?
    como você sabe também fiz radio na região pélvica e não sou muito de falar de problemas ou consequências do tratamento, principalmente para não assustar ninguém que vá passar por isso no futuro.
    em relação ao seu "probleminha" do momento, só posso dizer que fui orientada a manter relações ao longo da radio para evitar que isso acontecesse. Para mim foi tudo muito difícil porque além de estar na radio eu tinha feito uma super cirurgia, o que dificultou tudo.
    Mas eu garanto que com o tempo tudo melhora.
    As coisas ficam bem.

    Beijos,
    Boa sorte.
    Thai

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    1. Engraçado isso de você preferir não falar para não assustar. Eu penso o contrário: gostava de saber tudo com antecedência para me preparar e exatamente por eu ter um câncer relativamente raro e não haver nada na internet a respeito e fiquei mais angustiada e me sentindo na obrigação de compartilhar com quem quiser procurar.
      Eu não tive orientação a respeito, como disse. E mesmo que quisesse, devido ao estado das queimaduras, não conseguiria fazer nada...
      Mas é isso. :o) Obrigada, muitos beijos para você!

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  3. Já pensou em fisioterapia pélvica? Eu fiz por outro motivo, me casei e não conseguiu penetração, era dolorosa por conta de um trauma surgido por uma queda na infância que me impedia de ter uma relação satisfatória e sem dor, a fisioterapia foi ótima, dessensibilizou toda área tensa, todos os pontos de dor. Minha fisio comentou que mesmo ela não tendo dores, ela usa lubrificante, toda mulher deveria usar.

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