terça-feira, 29 de novembro de 2011

Ressonância magética da pelve: uma odisseia!

Hoje à tarde sai o resultado da ressonância magnética (RM). É este exame que determinará, no meu caso, qual será ou quais serão os procedimentos a serem adotados daqui para frente pois a RM ajuda no estadiamento do câncer. Ou seja, é hoje que "decidem" o meu destino! :o)

Se eu estou preocupada? Sim, estou. Ontem eu me senti muito angustiada, tive vontade de chorar (e chorei!). Mas também juntou tudo: provas na faculdade (fim de período é sempre angustiante para mim!), véspera desse resultado tão aguardado e TPM. Mas agora estou mais tranquila e é isso aí.

Tentando não tergiversar... hoje eu vou contar como se faz uma ressonância pélvica! É, definitivamente, tragi-cômico! Para muita gente, só de saber que tem que entrar naquele túnel a pessoa já entra em pânico. Isso, sinceramente, não me abala. Dos muitos fatores desencadeadores de pânico e fobias na maioria das pessoas eu não tomo nem conhecimento ou, pior, eu acabo curtindo-os muito. Adoro: altura, janelas envidraçadas ou não em prédios muito altos, lagartos, espaços pequenos (porém precisam ser silenciosos!), casa vazia, cães, facas...  Voltando ao foco, para muita gente é o túnel que dá medo. Bom, o túnel eu tiro de letra! Mas surpresas não me agradam muito.

Bom, você chega na clínica e leva 2 horas para ser atendida. E já estava em jejum de 6 horas que já viraram 8! Mantém o bom humor, afinal, pressa para quê? Mas fui super-bem atendida por um técnico de enfermagem engraçadíssimo que me orientou a tirar toda a roupa e todos os metais, colocar aquele avental genial de clínicas e fez um acesso na minha mão direita por onde tomei buscopan e o contraste. Buscopan???? Comecei eu a pensar: "Se estão me dando buscopan é porque eu vou sentir dor. Essa bodega desse exame vai doer? Por que é que estão me dando buscopan? POR QUE?" *drama queen* Explico: buscopan diminui as dores abdominais porque é um anti espasmódico e vai evitar os movimentos intestinais (espasmos?) que atrapalham a visualização do exame! Ou seja, não era para dor... Lição do dia: não se pre-ocupe se você nem sabe com o quê nem o porquê.

Ok, estou quietinha aguardando numa sala minúscula onde já havia trocado de roupa (e onde já devem começar os problemas dos claustrofóbicos...). Sou chamada para entrar na sala do exame, deito com as costas na "maca". Vem uma enfermeira bonitinha me dizer que eu precisarei, em posição ginecológica, colocar 4 seringas de 20ml de gel - vulgo KY - na vagina. Hein? Vai caber isso tudo?, disse eu. E ela me respondeu que cabem coisas aí que até Deus duvida - ponto para o bom humor da enfermeira! E toma de encher a perestróica... Se você achava que constrangimento pouco é bobagem, eis que vem uma voz lá de fora e avisa que a preparação do exame não tinha acabado e que ainda faltava o... SORO RETAL.

Gente, na boa, encher a perestroica é fichinha perto de receber um tubo (fino, diga-se de passagem) no fiofó e encherem (sim, a técnica de enfermagem que fez esse digno procedimento em mim!) o seu rabicó de soro! Como eu disse em outra postagem, a essa altura minha bunda já era de domínio público e eu já estava na mão do palhaço. Mas o exame em si foi tranquilo: você só precisa relaxar, respirar pausadamente e ficar mais ou menos uma hora ali, quietinha, e de fone de ouvido (para evitar o barulho da máquina). Sabe que eu até cochilei lá dentro? Dormir não deu porque cada vez que a máquina me mexia ela dava um "tranquinho" e esse movimento me despertava.

Mas fica o conselho: se tiver que fazer RM em algum lugar, torce para não ser pélvica, vai fazer no joelho, no pé, no ombro, sei lá. Porque se tiver orifícios onde quer que seja o seu problema eles vão preenchê-los com gel e soro! heheheh

segunda-feira, 28 de novembro de 2011

Como tudo começou

Há um pouco mais de dois anos, eu senti uma dor no fiofó. Sim, meu câncer é no ânus. Lugar "bom" para ter qualquer coisa, não é não? *ironia* É um ponto anatômico sobre o qual não falamos, que não mostramos para (quase) ninguém! É difícil até arranjar um médico porque quem já foi não quer contar que foi e quem precisa ir não passa recibo de que está precisando...

Voltando. Eu senti dor e tinha uma pele diferente lá no fiofó. Procurei a única médica - sim, naquele tempo minha bunda ainda não era de domínio público e eu não imaginava que teria um câncer - a vergonha perde espaço com um câncer, sabe? - do catálogo do plano. E fui à médica. Exames de sangue daqui, exames de fezes de lá, o famoso toque retal (não para verificar a próstata, é claro!) e a médica disse: você tem uma fissura anal. Vai usar esta pomada por 1 mês, fazer banhos de assento várias vezes por dia e voltar aqui para gente ver como progrediu.Você fez banhos de assento? Nem eu. Mas usei a pomada (!) e voltei à médica. Ela vaticinou: não melhorou nada. Vamos operar. Você operou? Nem eu.

O tempo passa, o tempo voa... Você começa a sentir mais dor e sangramentos eventuais ao evacuar, a "pele" começa a ficar maior, você começa a perceber que tem uma secreção amarelada todas as vezes que limpa o dito cujo. Bom, volta a médica, depois de mais de um ano sem aparecer. As notícias não são boas mas não chegam a desanimar. "A fissura está pior mas está crescendo um tumor estranho aqui. Pode ser um grande processo inflamatório decorrente da fissura ou um tumor muito pequeno - e eu acho que pode ser um câncer inicial. Faz uma colonoscopia com biópsia e a gente vê o que está acontecendo com todo o intestino."

Comecei a ficar com um pouco de medo mas fiz a colonoscopia (a colono será uma postagem a parte!) - mas o médico não quis fazer a biópsia porque precisaria de anestesia e não somente de sedação, como foi o caso. Com o resultado deste exame a minha médica decidiu: vamos operar.

No dia 31 de outubro de 2011 fui operada. A médica informa que a cirurgia foi um pouco maior do que esperada mas que mandou a peça para a biópsia. No dia 21 de novembro eu recebi o resultado da biópsia.

E assim tudo começou.

sexta-feira, 25 de novembro de 2011

Pândega Panda e o câncer.

É, amiguinhos, eu descobri um câncer por volta das 15h desta segunda-feira, portanto, há menos de 5 dias. Tomei um susto, chorei um pouquinho. Decidi parar de chorar e enfrentar o que quer que venha daqui para frente. Existem morredores e existem vivedores. Escolhi ser parte da segunda opção. :o)

Ontem, durante o banho antes de sair para uma ressonância magnética, decidi que iria usar este blog para registrar minhas impressões sobre essa experiência obviamente desagradável, sobre meu dia-a-dia e, quem sabe, até ajudar outras pessoas na mesma situação.

Pretendo, aqui, dividir as experiências que já tive e as que terei com relação a essa "coisa" que me acontece/aconteceu. Por isso apaguei todas as postagens anteriores mas mantive o blog, agora com outra finalidade.

Beijocas!